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Ameaça de incêndio ronda o Spitzkopf em Blumenau (SC)



Blumenau - Enquanto a vegetação do Parque Ecológico do Spitzkopf luta vagarosamente para se recompor de um incêndio ocorrido em 1995, o medo de um novo desastre ronda a região.

Do final de abril até esta semana, 10 acampamentos de caçadores foram encontrados e destruídos no Parque Nacional da Serra do Itajaí, área que compreende a reserva do Spitzkopf.

Segundo o proprietário do Parque Ecológico do Spitzkopf, Hans Schadrack, após a criação do parque nacional, em 2004, a presença de caçadores e ladrões de palmito tem se intensificado na região. Ele teme que a cena de 5 de junho de 1995 se repita. À época, o fogo destruiu 45 hectares de floresta. Apesar da origem do incêndio ainda ser desconhecida - a investigação policial ainda está em andamento - , as suspeitas recaem sobre campistas, que teriam acendido fogueiras, ou fumantes que teriam jogado cigarros acesos na mata.

- O incêndio, provavelmente, foi causado pela entrada clandestina de pessoas. Hoje em dia, não é impossível que ocorra outro desastre igual. Caçadores estão entrando no parque direto, impunemente - relata Schadrack.

A preocupação com a proteção e preservação da floresta, segundo Lúcia Sevegnani, pesquisadora e professora de Ecologia e Botânica da Furb, é válida. Segundo ela, a vegetação no Spitzkopf ainda está se recolonizando, em um processo que pode levar até um século para se aproximar da existente antes do incêndio.

- Infelizmente, estamos suscetíveis a pessoas mal-intencionadas, que só vêem a natureza como forma de trazer satisfação a si mesmas. Esquecem que as florestas oferecem serviços essenciais para a preservação da vida - afirma a pesquisadora

Desde o incêndio, a vegetação no topo do morro está em processo de regeneração natural. Hoje, o local é preenchido por arbustos de pequeno porte.

Blumenau - Enquanto a vegetação do Parque Ecológico do Spitzkopf luta vagarosamente para se recompor de um incêndio ocorrido em 1995, o medo de um novo desastre ronda a região.
Foto(s): JANDYR NASCIMENTO


A vegetação
Parque
- O Parque Nacional da Serra do Itajaí, que compreende o Parque Ecológico do Spitzkopf, é a maior reserva de Mata Atlântica do Sul do Brasil
- Com 57.374 hectares, abrange áreas em Apiúna, Ascurra, Blumenau, Botuverá, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Presidente Nereu e Vidal Ramos
- Detém cerca de 357 espécies de árvores*
- Possui 220 espécies de aves, 56 espécies de mamíferos e 40 espécies de anfíbios*
Incêndio
- Iniciou dia 5 de junho de 1995 - Dia Mundial do Meio Ambiente - e durou 12 dias
- Foi o maio incêndio registrado na região do hoje Parque Nacional da Serra do Itajaí
- Cerca de 45 hectares de floresta queimaram
- A área queimada fica a 936 metros de altitude, sendo de acesso bastante difícil para o Corpo de Bombeiros
Treinamento
- Quatro bombeiros militares de Blumenau e dois oficiais do 23º Batalhão de Infantaria estão em Curso de Combate a Incêndios Florestais no Parque Nacional de São Joaquim, em Urubici
- O curso começou segunda-feira e seguirá até sábado. A intenção é, em novembro, fazer o curso em Blumenau, diretamente no Parque Nacional da Serra do Itajaí
Caçadores
- A Operação Faxina, feita em parceria pelo Ibama e o 23º Batalhão de Infantaria, destruiu quatro acampamentos com material para a caça no território do parque em abril. Foram destruídos cinco gaiolas e seis giraus (plataforma para caçador usada para atirar em direção a uma isca). A operação apreendeu ainda quatro armadilhas dentilhadas. Este mês, mais seis acampamentos foram flagrados e destruídos

Fiscalização vai ser intensificada

Polícia Ambiental, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e oficiais do Parque Nacional do Serra do Itajaí preparam, em parceria com o Ibama, operações de fiscalização à reserva durante o inverno, período preferido para a caça aos animais e roubo de palmito. Cada parte do parque deverá ser protegida em determinado período, para ampliar a área de fiscalização.

Segundo o chefe do Parque Nacional da Serra do Itajaí, Fábio Faraco, estão sendo feitas operações diárias na região para coibir a presença de caçadores e palmiteiros.

- O número de caçadores não aumentou após a criação do parque. Hoje, as ações dessas pessoas são mais evidentes, pois há fiscalização intensa flagrando e coibindo a prática - afirma Faraco.

Plano de Manejo vai auxiliar no gerenciamento do parque nacional


A proteção e gerenciamento do Parque Nacional da Serra do Itajaí, que compreende o Parque Ecológico do Spitzkopf, em Blumenau, deve ganhar força com a conclusão do Plano de Manejo, feito pela Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena). Iniciado em março de 2006, o estudo, previsto para ser concluído em dois anos e meio, reúne informações sobre a unidade de conservação ambiental e aponta quais atividades poderão ser desenvolvidas nela.

- O grande desafio é conciliar a proteção do parque com o desenvolvimento socioeconômico local - informa a bióloga Karin Schacht, uma das coordenadoras do projeto.

As informações compiladas através dos estudos estão sendo reunidas para a elaboração do documento final do Plano de Manejo, que será submetido à análise do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão responsável pela administração do parque. A partir da aprovação, inicia-se a fase de implementação do plano.



Jornal de Santa Catarina