As matas que cobrem a parte norte do Morro Spitzkopf em Blumenau
estão entre as mais bem preservadas de Santa Catarina.
Desde 1932, por iniciativa do então proprietário
e ferrenho defensor da natureza, Sr. Udo Schadrack (1910-1983),
nada mais dali foi retirado, exceto oito carvalhos vermelhos,
por ele doados para a confecção dos bancos da
Catedral de Blumenau. (Alceu N. Longo, ,1980).
Em 1987, com o Sr. Udo falecido, a propriedade sofreu uma
ameaça e 50 árvores foram cortadas na mata virgem
do Ribeirão Goldbach, que é por onde os visitantes
acessam o pico do morro Spitzkopf (Lauro E. Bacca, informação
pessoal), em seus passeios para apreciar a belíssima
vista do local.
Os apreciadores e amantes daquelas belíssimas matas
e paisagens no entanto, foram surpreendidos no final de abril,
quando observaram um grande impacto ambiental ocorrido no
caminho de acesso ao topo do morro Spitzkopf. Dada a rara
beleza do lugar, a sensação é a de que
soltaram um boi numa loja de cristais, com:
>>
Excesso de movimentação de terra de terra, inclusive
atingindo os cursos d'água do lugar;
>> Dezenas de árvores atingidas, derrubadas,
empurradas ou rasgadas em suas raízes e até
mesmo rachadas ao longo do comprimento de seus caules;
>> Medidas pífias de controle de erosão
que não resistirão às primeiras chuvas
mais intensas, resultando num muito exagerado aumento da erosão;
>> Visíveis evidências de total falta
de orientação ao operador da máquina
que, atingiu e empurrou várias árvores “alto-montana”
centenárias, rasgando-as pelas raízes;
>> Sensação, de completa ignorância
de gestão ecoturística, na tentativa de se privilegiar
o tráfego de veículos, com seu barulho, poluição
e erosão, num ambiente que deveria ser mais vocacionado
para a caminhada e a contemplação;
>>
Sensação de obra absolutamente inútil,
em função do alto impacto e resultados praticamente
nulos, do ponto de vista de melhoria de trafegabilidade de
veículos, no médio e longo prazos.
Sabendo que trator nenhum pode se mover no município
sem autorização, a Acaprena está cobrando
das autoridades constituídas, FAEMA principalmente,
informações a respeito e exigindo a rigorosa
penalização dos responsáveis e determinação
de total restauração dos danos causados.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
A Acaprena recebeu denúncias e/ou tem constatado que
em Blumenau:
1) a Praça da Paz, recém-inaugurada
às margens do ribeirão da Velha, já está
com a água de sua fonte esverdeada (no fechamento desta
edição) com o lixo e os entulhos de sua construção
e da reforma da Beira Rio jogados em plena APP (Área
de Proteção Permantente) da margem do ribeirão
da Velha, num péssimo exemplo do poder público
para o cidadão.
2) enormes pedreiras desativadas, como
a do Jordão, não tem recebido o tratamento mínimo
adequado de recuperação ambiental. Quando foi
sugerido o aproveitamento de restos orgânicos vegetais
de podas, carpinas, etc para fazê-lo a um custo próximo
do zero, ouvimos de alguém do Distrito do Garcia a
resposta de que “um dos proprietários não
aceita mais a entrada no seu terreno” e fica por isso.
Onde é que estamos?
3)
A “Ilha do Sossego”, no bairro Progresso, vizinha
ao Parque Nacional da Serra do Itajaí, que deveria
fazer jus ao nome e ao paradisíaco local em que está
inserida, está tirando o sossego da região e
dos ambientalistas. Como se não bastasse terem ROUBADO
UMA CACHOEIRA pública e usado irregularmente a via
pública para conduzir a água roubada, agressivas
terraplanagens ali foram feitas em áreas de preservação
permanente e sem os devidos cuidados que a beleza preservada
da região merece e, pasmem, estão transformando
aquele paradisíaco recanto em local de barulhentos
e poluidores shows de motos e até de “frita-cars”,
numa completa inversão da vocação ao
turismo ecológico da região.
4) As grandes terraplanagens e loteamentos
com solo totalmente desnu-dados, que já haviam desaparecido
de Blumenau, graças a um eficiente controle ambiental,
estão voltando, para a alegria dos loteadores e das
empreiteiras de terrapla-nagem, que não estão
nem aí para o impacto ambiental e paisagístico,
a erosão e o assoreamento dos rios.
5) Desrespeito às APP dos cursos
d'água, como depósito de entulhos à margens
dos ribeirões parece que também estão
voltando, impunemente, sem que se perceba providências
preventivas ou punitivas da FAEMA
SEMANA
DO MEIO AMBIENTE
A
ACAPRENA esteve presente em diversos eventos durante a Semana
do Meio Ambiente e seus feitos tiveram uma bonita abrangência
em busca da conservação do Meio Ambiente. Estas
ações foram pautadas nas seguintes atividades:
Exposição de painel sobre o Parque Nacional
da Serra do Itajaí na abertura da Semana do Meio Ambiente
de Indaial: a cidade de Indaial é uma grande parceira
do projeto de Elaboração do Plano de Manejo
do Parque Nacional e devido a isso abriu suas portas para
que a ACAPRENA explicasse às escolas da região
as belezas naturais do Parque e sua importância para
a conservação da Floresta Atlântica. Esta
exposição foi emprestada aos professores do
EJA Ensino de Jovens e Adultos para trabalhos multidisciplinares
com seus alunos durante toda a semana do Meio Ambiente.
Participação
da ACAPRENA no lançamento da Semana do Meio Ambiente
de Blumenau: O presidente Renato Junge representou a ACAPRENA
na solenidade de abertura da Semana do Meio Ambiente de Blumenau
denotando que a ONG está interligada com os órgão
públicos de ensino e pesquisa que lutam pela conservação
do nosso meio ambiente.
Palestra sobre a Elaboração do Plano de Manejo
do Parque Nacional da Serra do Itajaí: A coordenação
do projeto realizou palestra sobre a elaboração
do plano para diversas pessoas interessadas em saber do andamento
das atividades do Parque Nacional da Serra do Itajaí.
Participação no programa Extensão Universitária
da TV da FURB: Importante espaço que a ACAPRENA teve
para poder ajudar na conscientização ambiental
juntamente com outras entidades de ensino e pesquisa de Blumenau.
Foram discutidos temas globais e regionais sobre perturbações
ambientais e formas de minimização através
da mudança de paradigmas humanos.
Participação da coordenação do
projeto de Elaboração do Plano de Manejo do
Parque Nacional da Serra do Itajaí no almoço
do 23o Batalhão de Infantaria de Blumenau: Através
da parceria que ACAPRENA possui com o 23o BI houve o convite
para participar de um almoço oferecido pela Infantaria
do Quartel onde a entidade foi citada sobre a importância
de seus trabalhos de conservação, ajudando a
proteger as florestas nacionais.
FEIJOADA DA
ACAPRENA
Com a presença de mais de 180 pessoas, aconteceu no
dia 11 de junho, a tradicional Feijoada da Acaprena, fechando
com chave de ouro a Semana Municipal do Meio Ambiente em Blumenau.
A chuva que ameaçava a organização do
evento não compareceu, fazendo com que muitas pessoas
se dirigissem ao Parque das Nascentes para saborear a maravilhosa
feijoada e beber um delicioso quentão para espantar
o frio.
A arrecadação do evento será utilizada
para a aquisição de um novo computador para
a entidade.
A ACAPRENA esteve presente também em dois eventos
em Florianópolis durante a Semana do Meio Ambiente,
entre os dias 02 e 06 de junho. Primeiramente, no Shopping
Beira Mar, em uma exposiçào do IBAMA, apresentando
o Parque Nacional da Serra do Itajaí.
Nos dias 05 e 06, aconteceu no hall da Assembléia
Legislativa, uma exposição com diversas ONGs
do estado culminando em uma audiência pública
transmitida pela TV Legislativa sobre a importância
das ONGs em Santa Catarina.
PROJETOS
ACAPRENA
Projeto
da Acaprena aprovado pela Fundação O Boticário
O projeto "Diversidade e conservação
de anfíbios no Estado de Santa Catarina, Brasil",
proposto pela sócia Elaine Maria Lucas Gonsales, foi
aprovado pela Fundação O Boticário de
Proteção à Natureza, sendo considerado
coerente com seus objetivos e de grande valor conservacionista.
O projeto foi aprovado para financiamento INTEGRAL, e deve
ter início neste mês.
Mais detalhes em breve no site da ACAPRENA.
No
dia 19 de junho de 2006 foi assinado o Termo de Cooperação
Mútua entre a ONG ACAPRENA e a CRESOL - Cooperativa
de Crédito Rural Solidário de Luis Alves, para
dar subsídios para a realização do projeto
intitulado: Diagnóstico Socio-ambiental e Biodiversidade
do Braço Paula Ramos, Luis Alves-SC. Estiveram presentes
pesquisadores e bolsistas das diversas áreas de conhecimento
das Ciências Biológicas e Humanas, como também
o presidente da ACAPRENA, Renato Junge e a Agrônoma
da CRESOL, Aline Maciel.
Este projeto pretende levantar os aspectos da biodiversidade
da região do Braço Paula Ramos, identificando
as espécies de fauna e flora (animais e plantas) e
sua interação com o meio ambiente e com as populações
humanas que vivem no local. Terá a duração
de um ano e ao final pretende-se criar um guia ilustrado de
identificação de animais e plantas que os moradores
poderão usar e que também será distribuído
nas escolas da região.
Para tanto é importante salientar que este projeto
além de caracterizar as belezas da biodiversidade da
Floresta Atlântica e sua importância para a conservação
deste Bioma, também irá relatar as interações
existentes entre o agricultor e o seu meio ambiente. Este
fator é importante para a determinação
de futuros usos da terra e para trabalhos de conscientização
ambiental com escolas próximas e moradores da área,
pensando tão somente na melhoria da qualidade de vida
das populações rurais que dependem dos recursos
naturais para sua sobrevivência.
Se você ou sua empresa também pretende ser um
parceiro deste projeto, juntamente com a CRESOL, entre em
contato com a ACAPRENA. Sua participação é
importante para o desenvolvimento da ciência e do futuro
saudável de nossas crianças.
Fotos e texto: Fabiana Dallacorte
EDITORIAL
As
unidades de conservação representam uma das
estratégias mais importantes de conservação
da natureza adotadas mundialmente.
Sua finalidade é a conservação da biodiversidade,
mas não baseada apenas no potencial ecológico
e científico das áreas, mas também na
importância ética, econô-mica e sócio-cultural
que ela representa.
É nessa concepção que após a fase
de criação de uma unidade de conservação,
inicia-se a Elaboração do Plano de Manejo, que
objetiva planejar e estabelecer as diretrizes de gestão
e manejo, indicando as atividades que poderão ser desenvolvidas
em cada uma das áreas estabelecidas durante o zoneamento.
Atualmente, o projeto de Elaboração do Plano
de Manejo do Parque Nacional da Serra do Itajaí encontra-se
em fase de execução e tem sido uma tarefa desafiadora
para toda a equipe da ACAPRENA. Estamos começando uma
nova caminhada, que será muito produtiva, pois todos
estão somando esforços e contribuindo para o
engrande-cimento do trabalho.
Nos meses de março e abril os equipa-mentos necessários
foram adquiridos e todos os profissionais que estão
executando o trabalho nesse primeiro ano foram contratados,
dando início a etapa de diagnóstico inicial,
cujo objetivo principal baseia-se na coleta de informações
acerca do Parque Nacional.
Uma das primeiras atividades realizadas foi buscar o apoio
das prefeituras dos nove municípios envolvidos pelo
Parque Nacional. Foram realizadas várias reuniões,
que esclareceram como ocorrerá o processo de elaboração
do plano de manejo, qual a importância de cada município
participar nesse processo, além de buscar o apoio de
cada uma das prefeituras no desenvo-lvimento das atividades.
Aproveitamos para agradecer aos membros da Diretoria da
ACAPRENA, que nos últimos meses foram sempre prestativos,
auxiliando a coordenação do projeto na tomada
de decisões, e de forma muito especial, a todas as
entidades parceiras que acreditaram nesse projeto desde o
início.
Karin Schacht e Fabiana Dallacorte
Coordenação Geral
LEVANTAMENTO
SÓCIOAMBIENTAL
Na busca de parceiros nas comunidades do entorno do Parque
Nacional para as atividades do Plano de Manejo e, principalmente,
para fomentar a participação de líderes
comunitários nas atividades relacionadas aos aspectos
sócio-ambientais, fez-se necessário à
realização de reuniões abertas nas comunidades.
Para a efetividade destas reuniões foi realizada uma
articulação política entre a coordenação
geral do projeto e as prefeituras municipais envolvidas. Essa
articulação foi importante para o desenvolvimento
da etapa seguinte na execução das atividades
relacionadas aos aspectos sócioambientais: promover
uma maior divulgação das reuniões abertas
nas comunidades.
Essas reuniões abertas tiveram como seu principal objetivo,
promover a informação e a participação
da comunidade no processo de elaboração do Plano
de Manejo do Parque Nacional da Serra do Itajaí, além
do estabelecimento de um primeiro perfil da percepção
dos municípios em relação ao Parque Nacional.
Todas as prefeituras receberam positiva-mente a equipe do
Plano de Manejo e se comprometeram a apoiar todas as atividades,
elogiando a iniciativa da equipe, sentindo-se envolvidas de
fato no projeto.
Para a execução do trabalho relacionado aos
aspectos sócioambientais, estas visitas foram imprescindíveis,
pois foi possível sentir a percepção
que os prefeitos possuem em relação ao Parque
Nacional, bem como o consentimento para a realização
das atividades previstas no projeto.
Camila Schreiber e Juliano Albano
LEVANTAMENTO
HISTÓRICO
A atividade relacionada ao resgate rápido dos aspectos
históricos do Parque Nacional da Serra do Itajaí
foi iniciada através da realização de
várias saídas a campo, cujo objetivo foi o resgate
da história oral, através de entrevistas com
membros de famílias tradicionais da região,
além da reunião de documentos, fotos históricas,
livros e pesquisas já realizadas na área do
Parque Nacional.
Várias entrevistas já foram realizadas com antigos
moradores ou conhecedores da área atualmente abrangida
pelo Parque Nacional da Serra do Itajaí.
Também está se levantando alguma literatura
histórica a respeito, fotografias, cópias de
fitas de vídeo e fitas K-7 com o conteúdo de
entrevistas e eventos ligados ao Parque formando assim um
acervo preliminar do histórico anterior e posterior
à criação da Unidade de Conservação.
A conclusão prévia remete à relativa
recentividade da ocupação e dos impactos ambientais
na área do Parque, à rapidez dos efeitos destes
impactos (espécies desapa-recidas por pressão
de caça em poucos anos), mas também, surpreendentemente,
à existência, dentro deste mesmo Parque, de bolsões
significativos de seu ecossistema original excelentemente
conservados e, finalmente, à ausência de populações
tradicionais ou indígenas recentes na área.
Lauro E. Bacca
LEVANTAMENTO
PARCIAL FUNDIÁRIO
As atividades relacionadas ao levantamento preliminar dos
aspectos fundiários foram iniciadas através
da realização de várias saídas
a campo, onde buscou-se diagnosticar quantos proprietários
de terra e moradores existem no Parque Nacional.
Atualmente já foram verificadas cerca de 90% das propriedades
inseridas tanto totalmente como parcialmente dentro dos limites
do parque, perfazendo um total de 303 proprietários
de terras envolvidos nesse processo:
Município X Número de proprietários
Botuverá.................................................98
Blumenau...............................................55
Apiúna....................................................53
Indaial....................................................30
Guabiruba..............................................23
Gaspar...................................................19
Vidal Ramos...........................................13
Presidente Nereu....................................08
Ascurra....................................................04
Foi observado nas atividades realizadas em campo, que a grande
maioria das propriedades foi envolvida apenas em parte pela
criação do Parque Nacional, sendo os fundos
do terreno inserido na área da unidade de conservação.
Vale salientar que do número de proprietários
que possuem terras totalmente inseridas no Parque Nacional,
apenas 25% realmente residem nelas, sendo que os demais, cerca
de 75% , as utilizam para o entretenimento, ou seja: para
atividades de lazer durante os finais de semana e/ou férias.
Proprietários de terra no interior do Parque Nacional
Proprietário Morador................................12
Proprietário Não Morador.........................36
Total de propriedades totalmente inseridas dentro do Parque
Nacional.......................48
Além do diagnóstico dos proprietários
que possuem terras dentro do parque nacional, realizou-se
também a primeira atividade relacionada à coleta
dos documentos comprobatórios de posse das mesmas.
Foram estabelecidas diferentes datas para cada município,
havendo a participação do IBAMA no processo
de conferência dos documentos.
Nos próximos meses estaremos dando continuidade ao
processo de entrega dos documentos comprobatórios,
e iniciaremos as atividades relacionadas ao levantamento das
benfeitorias em cada propriedade. É importante destacar
que a reunião desses documentos é fundamental
para que o IBAMA inicie mais rapidamente o processo de regularização
fundiária.
Alexandro Pires
LEVANTAMENTO
ABIÓTICO
As
atividades de levantamento Abiótico do Parque Nacional
foram iniciadas através do mapeamento das principais
vias de acesso e de interior ao parque, nos municípios
de Blumenau, Indaial e Apiúna.
Foram realizadas várias saídas a campo, onde
estimou-se que cerca de 20% da área total das vias
de acesso e interior do Parque Nacional foram percorridas
e mapeadas. Dentre as áreas já mapeadas, destacam-se:
a estrada principal de Blumenau até Apiúna,
as áreas das serrarias Moretto e Bela Vista, Madeireira
Possamai, Faxinal do Bepe e Fazenda Santa Rita.
Além do mapeamento das vias de acesso e interior
do Parque Nacional, ocorreram também apontamentos relacionados
às atividades sócio-econômicas desenvolvidas
na região, destacando o cultivo de Pinus e Eucaliptus,
além do desenvolvimento de pecuária e apicultura.
Foram também coletados dados relacionados ao clima
da região, destacando temperatura e precipitação.
Nos próximos meses estaremos dando continuidade a
este trabalho, e iniciando as atividades relacionadas à
caracterização edafológica da região,
ou seja, a realização da coleta de amostras
de solo e as análises das mesmas. Vale ressaltar que
as amostras de solo serão coletadas em diferentes pontos
do Parque Nacional da Serra do Itajaí, buscando caracterizar
de forma adequada o solo da região
Sérgio Feuser
COMUNICAÇÃO
Boa
parte da estratégia de comunicação do
projeto no momento está voltada à população
de entorno e moradores do parque, pretendendo atingir o máximo
de moradores possíveis através de anúncios
em rádios, TV e principalmente, convites pessoais entregues
nas residências.
Pesquisa realizada com parte da comunidade próxima
ao Parque, antes do início das atividades de campo
do projeto, apontou que a maioria (63%) dos moradores são
a favor do Parque Nacional e que preferiam ser informados
pessoalmente do que está acontecendo (60%) ou através
da mídia (32%).
Toda atividade do projeto pode ser acompanhada pelo site www.acaprena.org.br/planodemanejo
Iumaã Bacca
Capa
Renato Junge
Presidente
Neste ano em que a ACAPRENA
completa 33 anos de existência, já
com sua atuação consolidada, participando
e promovendo eventos voltados a preservação
e conservação da natureza, olhamos
a nossa volta e apesar de vislumbrarmos muitas conquistas,
ainda somos surpreen-didos com noticias diárias
de agressões e desrespeito ao meio ambiente.
Parece que o discurso foi assimilado por todos,
políticos, empresários e a popu-lação
em geral, que sabem o que deve ser feito, mas precisamos
dar o grande passo e passar do discurso para a ação.
Saber e não fazer ainda é não
saber.
Apesar de ser unânime a consciência
de que não devemos jogar lixo nos nossos
rios e ribeirões, a cada campanha de limpeza
realizada com a participação de toda
a comunidade, montanhas de lixo são retiradas
das margens e do fundo dos nossos rios, bastou uma
dragagem no porto e a praia de Navegantes ficou
repleta de lixo.
Mesmo sabendo da importância da vegetação
no solo urbano, loteadores voltam a utilizar como
argumento de venda o velho slogan “lotes prontos
para construir” mostrando lotes com a terra
toda desnuda .
Caçar, roubar palmito são reconheci-damente
atos criminosos, mas continuam a ser praticados
com uma freqüência que nos assusta.
Não podemos baixar a guarda precisamos estar
atentos, cobrarmos das autoridades e de cada cidadão
uma postura condizente com o discurso e o nível
de consciência, para um dia podermos de fato
comemorar, a Semana do Meio Ambiente e o Aniversário
da ACAPRENA.
NOVO PARQUE NACIONAL NA AMAZÔNIA
Mais que destruição,
o que está acontecendo na Amazônia configura
uma verdadeira hecatombe ecológica sem precedentes
na história da humanidade. A questão já
não é mais nem discutir a intocabilidade
da floresta, mas pelo menos temos todos que lutar para
que sua ocupação ocorra no mínimo
de forma ordenada. Assim, no meio de tanta devastação
irracional, surge a informação de que
foi criado mais um grande Parque Nacional, desta vez
o Parque Nacional do Juruena, com 1,9 milhões
de hectares, abrangendo a região do “bico”,
ao norte do estado de Mato Grosso.
Com este, já são cinco os Parques Nacionais
de tamanho igual ou superior a 1 milhão de hectares
na Amazônia, dentro de um total de mais de vinte
Unidades de Conservação acima de 250 mil
ha naquele bioma, tamanho considerado razoável
para garantir a proteção da biodiversidade
na região. Em se continuando essa política,
evitar-se-á por lá (consolo?) o que aconteceu
com a Mata Atlântica, da qual restam míseros
7,3 por cento de sua área original e onde não
é mais possível implantar-se Unidade de
Conservação de maior tamanho.
ACAPRENA
PARTICIPA DE SEMINÁRIO EM ILHÉUS (BA)
Com a presença da Ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, aconteceu dia 27 de maio, em Ilhéus,
BA, um Seminário alusivo ao Dia da Mata Atlântica
para discutir políticas de conservação
da Mata Atlântica.
O seminário foi o resultado de uma parceria
entre o governo federal, o governo da Bahia, a prefeitura
da Ilhéus, o IBAMA e a Rede Mata Atlântica,
entidade a qual a ACAPRENA está filiada. Um dos
pontos debatidos foi o estudo para criar e ampliar Unidades
de Conservação (UCs) nas regiões
sul, baixo sul e extremo sul do Estado da Bahia, por
ser lá a região de maior biodiversidade
da Mata Atlântica.
Foi apresentado também o Plano Nacional de
Áreas Protegidas (PNAP) e lançado o edital
de um programa que faz parte dos Projetos Demonstrativos
Mata Atlântica 2006. O edital prevê aproximadamente
R$ 6 milhões para o apoio de grandes projetos
locais e regionais que beneficiem o bioma.
A importância da aprovação do projeto
de lei da Mata Atlântica também foi discutito
na presença de seu relator, o Deputado Luiz Carreira.
Este PL tramita no Congresso Nacional há 14 anos.
Desde fevereiro aguarda a votação final.
Fundamentalmente o seminário teve o objetivo
de aproximar ainda mais o poder público e a sociedade
civil na busca de mecanismos para que o país
alcance a meta do Desmatamento Zero no bioma.
Prof. Nelcio Lindner
GOVERNADOR-
MOTOSSERRA ?
O
Governador de Santa Catarina, antes de se licenciar,
deu um tiro no próprio pé, assinando uma
incoerente ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade)
contra o SNUC e as Unidades de Conservação
federais recentemente criadas em SC, não obstante
ele mesmo ter assinado o SEUC, que é lei estadual
idêntica à do SNUC. Sabendo-se ainda que
esse mesmo SNUC foi discutido ao longo de oito intermináveis
anos no Congresso Nacional, quando lá estava
o mesmo governador como deputado federal, fica-se sem
entender o que está acontecendo. Êpa, sem
entender?
Para completar o quadro de tragédia na política
ambiental catarinense, o governador em exercício
está cedendo o Parque Floretal do Rio Vermelho
para a iniciativa privada. É por essas e outras
que Santa Catarina é um dos estados brasileiros
mais atrasados na questão ambiental, ressalvados
os heróicos e desincentivados esforços
da equipe técnica da Fatma, na heróica
e desgastante tentativa de nadar na contra-corrente
da falta de clarividência de muitos dos nossos
homens públicos
ACAPRENA
APRESENTA PAINEL EM MINAS GERAIS
A ACAPRENA, juntamente com
o IPA/FURB e a CAPES, apresentou um painel para o XIV
Congresso Brasileiro de Ornitologia, que ocorreu entre
os dias 2 a 6 de julho de 2006 em Ouro Preto (MG).
Este painel é fruto
dos trabalhos científicos que os Biólogos
da ACAPRENA vêm desenvolvendo junto à Comissão
de Projetos em prol da conservação dos
fragmentos florestais em nossa cidade.
“A corujinha-do-mato
(Megascops choliba) é uma das espécies
mais encontradas no território brasileiro, tanto
em áreas florestais como em áreas urbanas.
Entretanto, como a maioria das aves de rapina noturnas,
estudos são ainda escassos. Este trabalho foi
realizado em um fragmento de Floresta Ombrófila
Densa cujo estádio sucessional se caracteriza
pela floresta secundária, que se localiza na
região central do município de Blumenau,
com área aproximada de 20 hectares. Os indivíduos
de M. choliba foram capturados através de redes
de neblina (7,5 x 2,5 m), dispostas na borda e dentro
da floresta em uma trilha já existente, dentro
de um projeto de captura-marcação-recaptura
de morcegos.
Nota-se que pela presença
desta espécie num fragmento pequeno e isolado,
que estes também podem contribuir para a conservação
da biodiversidade, o que reforça a necessidade
de medidas de proteção mais eficazes,
como a criação de unidades de conservação
no meio urbano.
33
anos de atuação no Meio Ambiente
Temos muito a comemorar,
assim como muito ainda a conquistar. Se de um lado a
ACAPRENA tem conseguido feitos inéditos, como
aprovações de projetos com financiamento
estrangeiro (PDA / MMA), de ONGs brasileiras (SOS Mata
Atlântica) e iniciativa privada (CRESOL, Luis
Alves), por outro lado é duro constatar que o
meio ambiente continua sofrendo com a ação
devastadora e pouco inteligente do homem. É pena
que mesmo após mais de 30 anos com tantas histórias
de caminhadas e atividades que visavam sempre mostrar
o “belo” a população, hoje
em dia ainda vemos notícias relativas à
seca no Vale do Itajaí, posições
ainda que ignorantes - contrárias ao Parque Nacional
da Serra do Itajaí e a ininterrupta retirada
de árvores no centro de Blumenau, sejam nativas
ou não. A maioria dos efeitos negativos que estão
ocorrendo hoje em dia no âmbito natural é
decorrente de uma ação antrópica,
ou seja, do ser humano. A constatação
é que não basta apenas aprender a apreciar
o “belo”, é necessário, sobretudo,
aprender a lutar para que a consciência ambiental
traduza-se em ações. Do contrário
seremos condenados a continuar com o “feio”
a figurar como um espectro que desconforta nossas janelas
e o ronda o futuro de nossos descendentes.
É óbvio
constatar que hoje, com toda esta estiagem, o único
lugar onde se encontra água em abundância
e de boa qualidade está dentro dos limites do
PARNA Serra do Itajaí e durante o assolador calor
que impera no asfalto e no concreto, é dentro
dos pequenos remanescentes de florestas onde encontramos
um clima ameno na cidade de Blumenau.
Foram pouco mais
de 30 anos, e espero que meu filho daqui a 33 anos possa
escrever uma matéria como esta parabenizando
a ACAPRENA por seus incansáveis feitos em prol
da natureza, constatando que o nosso trabalho e nossos
esforços continuam a valer a pena, e que o Vale
do Itajaí seja mais verde com um Parque Nacional
a assegurar a água que abastece mais de 500 mil
pessoas, com uma cidade arborizada com e um povo muito
mais consciente e saudável.
“Parabéns
a todos que fazem da ACAPRENA uma ONG cheia de vida,
com a experiência de 33 anos, para as presentes
e futuras gerações.”
Fabiana Dallacorte,
Bióloga, secretária
da ACAPRENA
Fone/Fax: (47) 3321-0434 Horário de Atendimento: de segunda
a sexta, das 08h às 17h
Rua Antônio da Veiga, 140 Sala D-107 Bairro Victor
Konder - CEP: 89012-500 Blumenau - SC (junto à
FURB - Universidade Regional de Blumenau)
Presidente: Renato Junge Vice-Presidente: Lauro E. Bacca 1ª. Tesoureira: Cintia G. Gruenner 2º. Tesoureiro: Vanderlei P. Schmitt 1ª. Secretária: Fabiana
Dallacorte 2ª. Secretário: Leocarlos
Sieves
Conselho Fiscal:
Edson Passold, João B. Ribeiro, Wilberto Boos
Conselho Consultivo:
Carlos E. Zimmermann, Elias João de Melo, Jerry
Luís Boos, Lucia Sevegnani, Nelcio Lindner, Noemia
Bohn
A Semente é uma publicação trimestral,
dirigida e com distribuição gratuita aos
associados da Acaprena
Jornalista: Guarim Liberato Jr. (SC
01142JP) Diagramação: Iumaã
C. W. Bacca