Matérias

AGRESSÕES AMBIENTAIS

As matas que cobrem a parte norte do Morro Spitzkopf em Blumenau estão entre as mais bem preservadas de Santa Catarina. Desde 1932, por iniciativa do então proprietário e ferrenho defensor da natureza, Sr. Udo Schadrack (1910-1983), nada mais dali foi retirado, exceto oito carvalhos vermelhos, por ele doados para a confecção dos bancos da Catedral de Blumenau. (Alceu N. Longo, ,1980).
Em 1987, com o Sr. Udo falecido, a propriedade sofreu uma ameaça e 50 árvores foram cortadas na mata virgem do Ribeirão Goldbach, que é por onde os visitantes acessam o pico do morro Spitzkopf (Lauro E. Bacca, informação pessoal), em seus passeios para apreciar a belíssima vista do local.

Os apreciadores e amantes daquelas belíssimas matas e paisagens no entanto, foram surpreendidos no final de abril, quando observaram um grande impacto ambiental ocorrido no caminho de acesso ao topo do morro Spitzkopf. Dada a rara beleza do lugar, a sensação é a de que soltaram um boi numa loja de cristais, com:
>> Excesso de movimentação de terra de terra, inclusive atingindo os cursos d'água do lugar;

>> Dezenas de árvores atingidas, derrubadas, empurradas ou rasgadas em suas raízes e até mesmo rachadas ao longo do comprimento de seus caules;

>> Medidas pífias de controle de erosão que não resistirão às primeiras chuvas mais intensas, resultando num muito exagerado aumento da erosão;

>> Visíveis evidências de total falta de orientação ao operador da máquina que, atingiu e empurrou várias árvores “alto-montana” centenárias, rasgando-as pelas raízes;

>> Sensação, de completa ignorância de gestão ecoturística, na tentativa de se privilegiar o tráfego de veículos, com seu barulho, poluição e erosão, num ambiente que deveria ser mais vocacionado para a caminhada e a contemplação;

>> Sensação de obra absolutamente inútil, em função do alto impacto e resultados praticamente nulos, do ponto de vista de melhoria de trafegabilidade de veículos, no médio e longo prazos.

Sabendo que trator nenhum pode se mover no município sem autorização, a Acaprena está cobrando das autoridades constituídas, FAEMA principalmente, informações a respeito e exigindo a rigorosa penalização dos responsáveis e determinação de total restauração dos danos causados.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

A Acaprena recebeu denúncias e/ou tem constatado que em Blumenau:

1) a Praça da Paz, recém-inaugurada às margens do ribeirão da Velha, já está com a água de sua fonte esverdeada (no fechamento desta edição) com o lixo e os entulhos de sua construção e da reforma da Beira Rio jogados em plena APP (Área de Proteção Permantente) da margem do ribeirão da Velha, num péssimo exemplo do poder público para o cidadão.

2) enormes pedreiras desativadas, como a do Jordão, não tem recebido o tratamento mínimo adequado de recuperação ambiental. Quando foi sugerido o aproveitamento de restos orgânicos vegetais de podas, carpinas, etc para fazê-lo a um custo próximo do zero, ouvimos de alguém do Distrito do Garcia a resposta de que “um dos proprietários não aceita mais a entrada no seu terreno” e fica por isso. Onde é que estamos?

3) A “Ilha do Sossego”, no bairro Progresso, vizinha ao Parque Nacional da Serra do Itajaí, que deveria fazer jus ao nome e ao paradisíaco local em que está inserida, está tirando o sossego da região e dos ambientalistas. Como se não bastasse terem ROUBADO UMA CACHOEIRA pública e usado irregularmente a via pública para conduzir a água roubada, agressivas terraplanagens ali foram feitas em áreas de preservação permanente e sem os devidos cuidados que a beleza preservada da região merece e, pasmem, estão transformando aquele paradisíaco recanto em local de barulhentos e poluidores shows de motos e até de “frita-cars”, numa completa inversão da vocação ao turismo ecológico da região.

4) As grandes terraplanagens e loteamentos com solo totalmente desnu-dados, que já haviam desaparecido de Blumenau, graças a um eficiente controle ambiental, estão voltando, para a alegria dos loteadores e das empreiteiras de terrapla-nagem, que não estão nem aí para o impacto ambiental e paisagístico, a erosão e o assoreamento dos rios.

5) Desrespeito às APP dos cursos d'água, como depósito de entulhos à margens dos ribeirões parece que também estão voltando, impunemente, sem que se perceba providências preventivas ou punitivas da FAEMA

 

SEMANA DO MEIO AMBIENTE

A ACAPRENA esteve presente em diversos eventos durante a Semana do Meio Ambiente e seus feitos tiveram uma bonita abrangência em busca da conservação do Meio Ambiente. Estas ações foram pautadas nas seguintes atividades:

Exposição de painel sobre o Parque Nacional da Serra do Itajaí na abertura da Semana do Meio Ambiente de Indaial: a cidade de Indaial é uma grande parceira do projeto de Elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional e devido a isso abriu suas portas para que a ACAPRENA explicasse às escolas da região as belezas naturais do Parque e sua importância para a conservação da Floresta Atlântica. Esta exposição foi emprestada aos professores do EJA Ensino de Jovens e Adultos para trabalhos multidisciplinares com seus alunos durante toda a semana do Meio Ambiente.

Participação da ACAPRENA no lançamento da Semana do Meio Ambiente de Blumenau: O presidente Renato Junge representou a ACAPRENA na solenidade de abertura da Semana do Meio Ambiente de Blumenau denotando que a ONG está interligada com os órgão públicos de ensino e pesquisa que lutam pela conservação do nosso meio ambiente.

Palestra sobre a Elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra do Itajaí: A coordenação do projeto realizou palestra sobre a elaboração do plano para diversas pessoas interessadas em saber do andamento das atividades do Parque Nacional da Serra do Itajaí.

Participação no programa Extensão Universitária da TV da FURB: Importante espaço que a ACAPRENA teve para poder ajudar na conscientização ambiental juntamente com outras entidades de ensino e pesquisa de Blumenau. Foram discutidos temas globais e regionais sobre perturbações ambientais e formas de minimização através da mudança de paradigmas humanos.

Participação da coordenação do projeto de Elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra do Itajaí no almoço do 23o Batalhão de Infantaria de Blumenau: Através da parceria que ACAPRENA possui com o 23o BI houve o convite para participar de um almoço oferecido pela Infantaria do Quartel onde a entidade foi citada sobre a importância de seus trabalhos de conservação, ajudando a proteger as florestas nacionais.

FEIJOADA DA ACAPRENA

Com a presença de mais de 180 pessoas, aconteceu no dia 11 de junho, a tradicional Feijoada da Acaprena, fechando com chave de ouro a Semana Municipal do Meio Ambiente em Blumenau.
A chuva que ameaçava a organização do evento não compareceu, fazendo com que muitas pessoas se dirigissem ao Parque das Nascentes para saborear a maravilhosa feijoada e beber um delicioso quentão para espantar o frio.
A arrecadação do evento será utilizada para a aquisição de um novo computador para a entidade.

Mais fotos no álbum: http://br.pg.photos.yahoo.com/ph/acaprena/album?.dir=/1b80re2

EVENTOS EM FLORIANÓPOLIS

A ACAPRENA esteve presente também em dois eventos em Florianópolis durante a Semana do Meio Ambiente, entre os dias 02 e 06 de junho. Primeiramente, no Shopping Beira Mar, em uma exposiçào do IBAMA, apresentando o Parque Nacional da Serra do Itajaí.

Nos dias 05 e 06, aconteceu no hall da Assembléia Legislativa, uma exposição com diversas ONGs do estado culminando em uma audiência pública transmitida pela TV Legislativa sobre a importância das ONGs em Santa Catarina.


PROJETOS ACAPRENA

Projeto da Acaprena aprovado pela Fundação O Boticário

O projeto "Diversidade e conservação de anfíbios no Estado de Santa Catarina, Brasil", proposto pela sócia Elaine Maria Lucas Gonsales, foi aprovado pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, sendo considerado coerente com seus objetivos e de grande valor conservacionista. O projeto foi aprovado para financiamento INTEGRAL, e deve ter início neste mês.
Mais detalhes em breve no site da ACAPRENA.


No dia 19 de junho de 2006 foi assinado o Termo de Cooperação Mútua entre a ONG ACAPRENA e a CRESOL - Cooperativa de Crédito Rural Solidário de Luis Alves, para dar subsídios para a realização do projeto intitulado: Diagnóstico Socio-ambiental e Biodiversidade do Braço Paula Ramos, Luis Alves-SC. Estiveram presentes pesquisadores e bolsistas das diversas áreas de conhecimento das Ciências Biológicas e Humanas, como também o presidente da ACAPRENA, Renato Junge e a Agrônoma da CRESOL, Aline Maciel.
Este projeto pretende levantar os aspectos da biodiversidade da região do Braço Paula Ramos, identificando as espécies de fauna e flora (animais e plantas) e sua interação com o meio ambiente e com as populações humanas que vivem no local. Terá a duração de um ano e ao final pretende-se criar um guia ilustrado de identificação de animais e plantas que os moradores poderão usar e que também será distribuído nas escolas da região.
Para tanto é importante salientar que este projeto além de caracterizar as belezas da biodiversidade da Floresta Atlântica e sua importância para a conservação deste Bioma, também irá relatar as interações existentes entre o agricultor e o seu meio ambiente. Este fator é importante para a determinação de futuros usos da terra e para trabalhos de conscientização ambiental com escolas próximas e moradores da área, pensando tão somente na melhoria da qualidade de vida das populações rurais que dependem dos recursos naturais para sua sobrevivência.
Se você ou sua empresa também pretende ser um parceiro deste projeto, juntamente com a CRESOL, entre em contato com a ACAPRENA. Sua participação é importante para o desenvolvimento da ciência e do futuro saudável de nossas crianças.

Fotos e texto: Fabiana Dallacorte

 

EDITORIAL

As unidades de conservação representam uma das estratégias mais importantes de conservação da natureza adotadas mundialmente.

Sua finalidade é a conservação da biodiversidade, mas não baseada apenas no potencial ecológico e científico das áreas, mas também na importância ética, econô-mica e sócio-cultural que ela representa.
É nessa concepção que após a fase de criação de uma unidade de conservação, inicia-se a Elaboração do Plano de Manejo, que objetiva planejar e estabelecer as diretrizes de gestão e manejo, indicando as atividades que poderão ser desenvolvidas em cada uma das áreas estabelecidas durante o zoneamento.

Atualmente, o projeto de Elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra do Itajaí encontra-se em fase de execução e tem sido uma tarefa desafiadora para toda a equipe da ACAPRENA. Estamos começando uma nova caminhada, que será muito produtiva, pois todos estão somando esforços e contribuindo para o engrande-cimento do trabalho.

Nos meses de março e abril os equipa-mentos necessários foram adquiridos e todos os profissionais que estão executando o trabalho nesse primeiro ano foram contratados, dando início a etapa de diagnóstico inicial, cujo objetivo principal baseia-se na coleta de informações acerca do Parque Nacional.

Uma das primeiras atividades realizadas foi buscar o apoio das prefeituras dos nove municípios envolvidos pelo Parque Nacional. Foram realizadas várias reuniões, que esclareceram como ocorrerá o processo de elaboração do plano de manejo, qual a importância de cada município participar nesse processo, além de buscar o apoio de cada uma das prefeituras no desenvo-lvimento das atividades.

Aproveitamos para agradecer aos membros da Diretoria da ACAPRENA, que nos últimos meses foram sempre prestativos, auxiliando a coordenação do projeto na tomada de decisões, e de forma muito especial, a todas as entidades parceiras que acreditaram nesse projeto desde o início.

Karin Schacht e Fabiana Dallacorte
Coordenação Geral

LEVANTAMENTO SÓCIOAMBIENTAL

Na busca de parceiros nas comunidades do entorno do Parque Nacional para as atividades do Plano de Manejo e, principalmente, para fomentar a participação de líderes comunitários nas atividades relacionadas aos aspectos sócio-ambientais, fez-se necessário à realização de reuniões abertas nas comunidades.
Para a efetividade destas reuniões foi realizada uma articulação política entre a coordenação geral do projeto e as prefeituras municipais envolvidas. Essa articulação foi importante para o desenvolvimento da etapa seguinte na execução das atividades relacionadas aos aspectos sócioambientais: promover uma maior divulgação das reuniões abertas nas comunidades.
Essas reuniões abertas tiveram como seu principal objetivo, promover a informação e a participação da comunidade no processo de elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra do Itajaí, além do estabelecimento de um primeiro perfil da percepção dos municípios em relação ao Parque Nacional.
Todas as prefeituras receberam positiva-mente a equipe do Plano de Manejo e se comprometeram a apoiar todas as atividades, elogiando a iniciativa da equipe, sentindo-se envolvidas de fato no projeto.
Para a execução do trabalho relacionado aos aspectos sócioambientais, estas visitas foram imprescindíveis, pois foi possível sentir a percepção que os prefeitos possuem em relação ao Parque Nacional, bem como o consentimento para a realização das atividades previstas no projeto.

Camila Schreiber e Juliano Albano

 

LEVANTAMENTO HISTÓRICO

A atividade relacionada ao resgate rápido dos aspectos históricos do Parque Nacional da Serra do Itajaí foi iniciada através da realização de várias saídas a campo, cujo objetivo foi o resgate da história oral, através de entrevistas com membros de famílias tradicionais da região, além da reunião de documentos, fotos históricas, livros e pesquisas já realizadas na área do Parque Nacional.
Várias entrevistas já foram realizadas com antigos moradores ou conhecedores da área atualmente abrangida pelo Parque Nacional da Serra do Itajaí.
Também está se levantando alguma literatura histórica a respeito, fotografias, cópias de fitas de vídeo e fitas K-7 com o conteúdo de entrevistas e eventos ligados ao Parque formando assim um acervo preliminar do histórico anterior e posterior à criação da Unidade de Conservação.
A conclusão prévia remete à relativa recentividade da ocupação e dos impactos ambientais na área do Parque, à rapidez dos efeitos destes impactos (espécies desapa-recidas por pressão de caça em poucos anos), mas também, surpreendentemente, à existência, dentro deste mesmo Parque, de bolsões significativos de seu ecossistema original excelentemente conservados e, finalmente, à ausência de populações tradicionais ou indígenas recentes na área.

Lauro E. Bacca

 

LEVANTAMENTO PARCIAL FUNDIÁRIO

As atividades relacionadas ao levantamento preliminar dos aspectos fundiários foram iniciadas através da realização de várias saídas a campo, onde buscou-se diagnosticar quantos proprietários de terra e moradores existem no Parque Nacional.
Atualmente já foram verificadas cerca de 90% das propriedades inseridas tanto totalmente como parcialmente dentro dos limites do parque, perfazendo um total de 303 proprietários de terras envolvidos nesse processo:

Município X Número de proprietários
Botuverá.................................................98
Blumenau...............................................55
Apiúna....................................................53
Indaial....................................................30
Guabiruba..............................................23
Gaspar...................................................19
Vidal Ramos...........................................13
Presidente Nereu....................................08
Ascurra....................................................04

Foi observado nas atividades realizadas em campo, que a grande maioria das propriedades foi envolvida apenas em parte pela criação do Parque Nacional, sendo os fundos do terreno inserido na área da unidade de conservação.
Vale salientar que do número de proprietários que possuem terras totalmente inseridas no Parque Nacional, apenas 25% realmente residem nelas, sendo que os demais, cerca de 75% , as utilizam para o entretenimento, ou seja: para atividades de lazer durante os finais de semana e/ou férias.

Proprietários de terra no interior do Parque Nacional
Proprietário Morador................................12
Proprietário Não Morador.........................36
Total de propriedades totalmente inseridas dentro do Parque Nacional.......................48

Além do diagnóstico dos proprietários que possuem terras dentro do parque nacional, realizou-se também a primeira atividade relacionada à coleta dos documentos comprobatórios de posse das mesmas. Foram estabelecidas diferentes datas para cada município, havendo a participação do IBAMA no processo de conferência dos documentos.
Nos próximos meses estaremos dando continuidade ao processo de entrega dos documentos comprobatórios, e iniciaremos as atividades relacionadas ao levantamento das benfeitorias em cada propriedade. É importante destacar que a reunião desses documentos é fundamental para que o IBAMA inicie mais rapidamente o processo de regularização fundiária.
Alexandro Pires

 

LEVANTAMENTO ABIÓTICO

As atividades de levantamento Abiótico do Parque Nacional foram iniciadas através do mapeamento das principais vias de acesso e de interior ao parque, nos municípios de Blumenau, Indaial e Apiúna.
Foram realizadas várias saídas a campo, onde estimou-se que cerca de 20% da área total das vias de acesso e interior do Parque Nacional foram percorridas e mapeadas. Dentre as áreas já mapeadas, destacam-se: a estrada principal de Blumenau até Apiúna, as áreas das serrarias Moretto e Bela Vista, Madeireira Possamai, Faxinal do Bepe e Fazenda Santa Rita.

Além do mapeamento das vias de acesso e interior do Parque Nacional, ocorreram também apontamentos relacionados às atividades sócio-econômicas desenvolvidas na região, destacando o cultivo de Pinus e Eucaliptus, além do desenvolvimento de pecuária e apicultura. Foram também coletados dados relacionados ao clima da região, destacando temperatura e precipitação.

Nos próximos meses estaremos dando continuidade a este trabalho, e iniciando as atividades relacionadas à caracterização edafológica da região, ou seja, a realização da coleta de amostras de solo e as análises das mesmas. Vale ressaltar que as amostras de solo serão coletadas em diferentes pontos do Parque Nacional da Serra do Itajaí, buscando caracterizar de forma adequada o solo da região

Sérgio Feuser

 

COMUNICAÇÃO

Boa parte da estratégia de comunicação do projeto no momento está voltada à população de entorno e moradores do parque, pretendendo atingir o máximo de moradores possíveis através de anúncios em rádios, TV e principalmente, convites pessoais entregues nas residências.
Pesquisa realizada com parte da comunidade próxima ao Parque, antes do início das atividades de campo do projeto, apontou que a maioria (63%) dos moradores são a favor do Parque Nacional e que preferiam ser informados pessoalmente do que está acontecendo (60%) ou através da mídia (32%).
Toda atividade do projeto pode ser acompanhada pelo site www.acaprena.org.br/planodemanejo

Iumaã Bacca

Capa

Renato Junge
Presidente

Neste ano em que a ACAPRENA completa 33 anos de existência, já com sua atuação consolidada, participando e promovendo eventos voltados a preservação e conservação da natureza, olhamos a nossa volta e apesar de vislumbrarmos muitas conquistas, ainda somos surpreen-didos com noticias diárias de agressões e desrespeito ao meio ambiente.
Parece que o discurso foi assimilado por todos, políticos, empresários e a popu-lação em geral, que sabem o que deve ser feito, mas precisamos dar o grande passo e passar do discurso para a ação. Saber e não fazer ainda é não saber.
Apesar de ser unânime a consciência de que não devemos jogar lixo nos nossos rios e ribeirões, a cada campanha de limpeza realizada com a participação de toda a comunidade, montanhas de lixo são retiradas das margens e do fundo dos nossos rios, bastou uma dragagem no porto e a praia de Navegantes ficou repleta de lixo.
Mesmo sabendo da importância da vegetação no solo urbano, loteadores voltam a utilizar como argumento de venda o velho slogan “lotes prontos para construir” mostrando lotes com a terra toda desnuda .
Caçar, roubar palmito são reconheci-damente atos criminosos, mas continuam a ser praticados com uma freqüência que nos assusta.
Não podemos baixar a guarda precisamos estar atentos, cobrarmos das autoridades e de cada cidadão uma postura condizente com o discurso e o nível de consciência, para um dia podermos de fato comemorar, a Semana do Meio Ambiente e o Aniversário da ACAPRENA.

NOVO PARQUE NACIONAL NA AMAZÔNIA

Mais que destruição, o que está acontecendo na Amazônia configura uma verdadeira hecatombe ecológica sem precedentes na história da humanidade. A questão já não é mais nem discutir a intocabilidade da floresta, mas pelo menos temos todos que lutar para que sua ocupação ocorra no mínimo de forma ordenada. Assim, no meio de tanta devastação irracional, surge a informação de que foi criado mais um grande Parque Nacional, desta vez o Parque Nacional do Juruena, com 1,9 milhões de hectares, abrangendo a região do “bico”, ao norte do estado de Mato Grosso.
Com este, já são cinco os Parques Nacionais de tamanho igual ou superior a 1 milhão de hectares na Amazônia, dentro de um total de mais de vinte Unidades de Conservação acima de 250 mil ha naquele bioma, tamanho considerado razoável para garantir a proteção da biodiversidade na região. Em se continuando essa política, evitar-se-á por lá (consolo?) o que aconteceu com a Mata Atlântica, da qual restam míseros 7,3 por cento de sua área original e onde não é mais possível implantar-se Unidade de Conservação de maior tamanho.

ACAPRENA PARTICIPA DE SEMINÁRIO EM ILHÉUS (BA)

Com a presença da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, aconteceu dia 27 de maio, em Ilhéus, BA, um Seminário alusivo ao Dia da Mata Atlântica para discutir políticas de conservação da Mata Atlântica.

O seminário foi o resultado de uma parceria entre o governo federal, o governo da Bahia, a prefeitura da Ilhéus, o IBAMA e a Rede Mata Atlântica, entidade a qual a ACAPRENA está filiada. Um dos pontos debatidos foi o estudo para criar e ampliar Unidades de Conservação (UCs) nas regiões sul, baixo sul e extremo sul do Estado da Bahia, por ser lá a região de maior biodiversidade da Mata Atlântica.

Foi apresentado também o Plano Nacional de Áreas Protegidas (PNAP) e lançado o edital de um programa que faz parte dos Projetos Demonstrativos Mata Atlântica 2006. O edital prevê aproximadamente R$ 6 milhões para o apoio de grandes projetos locais e regionais que beneficiem o bioma.

A importância da aprovação do projeto de lei da Mata Atlântica também foi discutito na presença de seu relator, o Deputado Luiz Carreira. Este PL tramita no Congresso Nacional há 14 anos. Desde fevereiro aguarda a votação final.
Fundamentalmente o seminário teve o objetivo de aproximar ainda mais o poder público e a sociedade civil na busca de mecanismos para que o país alcance a meta do Desmatamento Zero no bioma.

Prof. Nelcio Lindner

 

GOVERNADOR- MOTOSSERRA ?

O Governador de Santa Catarina, antes de se licenciar, deu um tiro no próprio pé, assinando uma incoerente ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o SNUC e as Unidades de Conservação federais recentemente criadas em SC, não obstante ele mesmo ter assinado o SEUC, que é lei estadual idêntica à do SNUC. Sabendo-se ainda que esse mesmo SNUC foi discutido ao longo de oito intermináveis anos no Congresso Nacional, quando lá estava o mesmo governador como deputado federal, fica-se sem entender o que está acontecendo. Êpa, sem entender?
Para completar o quadro de tragédia na política ambiental catarinense, o governador em exercício está cedendo o Parque Floretal do Rio Vermelho para a iniciativa privada. É por essas e outras que Santa Catarina é um dos estados brasileiros mais atrasados na questão ambiental, ressalvados os heróicos e desincentivados esforços da equipe técnica da Fatma, na heróica e desgastante tentativa de nadar na contra-corrente da falta de clarividência de muitos dos nossos homens públicos

ACAPRENA APRESENTA PAINEL EM MINAS GERAIS

A ACAPRENA, juntamente com o IPA/FURB e a CAPES, apresentou um painel para o XIV Congresso Brasileiro de Ornitologia, que ocorreu entre os dias 2 a 6 de julho de 2006 em Ouro Preto (MG).

Este painel é fruto dos trabalhos científicos que os Biólogos da ACAPRENA vêm desenvolvendo junto à Comissão de Projetos em prol da conservação dos fragmentos florestais em nossa cidade.

“A corujinha-do-mato (Megascops choliba) é uma das espécies mais encontradas no território brasileiro, tanto em áreas florestais como em áreas urbanas. Entretanto, como a maioria das aves de rapina noturnas, estudos são ainda escassos. Este trabalho foi realizado em um fragmento de Floresta Ombrófila Densa cujo estádio sucessional se caracteriza pela floresta secundária, que se localiza na região central do município de Blumenau, com área aproximada de 20 hectares. Os indivíduos de M. choliba foram capturados através de redes de neblina (7,5 x 2,5 m), dispostas na borda e dentro da floresta em uma trilha já existente, dentro de um projeto de captura-marcação-recaptura de morcegos.

Nota-se que pela presença desta espécie num fragmento pequeno e isolado, que estes também podem contribuir para a conservação da biodiversidade, o que reforça a necessidade de medidas de proteção mais eficazes, como a criação de unidades de conservação no meio urbano.

33 anos de atuação no Meio Ambiente

Temos muito a comemorar, assim como muito ainda a conquistar. Se de um lado a ACAPRENA tem conseguido feitos inéditos, como aprovações de projetos com financiamento estrangeiro (PDA / MMA), de ONGs brasileiras (SOS Mata Atlântica) e iniciativa privada (CRESOL, Luis Alves), por outro lado é duro constatar que o meio ambiente continua sofrendo com a ação devastadora e pouco inteligente do homem. É pena que mesmo após mais de 30 anos com tantas histórias de caminhadas e atividades que visavam sempre mostrar o “belo” a população, hoje em dia ainda vemos notícias relativas à seca no Vale do Itajaí, posições ainda que ignorantes - contrárias ao Parque Nacional da Serra do Itajaí e a ininterrupta retirada de árvores no centro de Blumenau, sejam nativas ou não. A maioria dos efeitos negativos que estão ocorrendo hoje em dia no âmbito natural é decorrente de uma ação antrópica, ou seja, do ser humano. A constatação é que não basta apenas aprender a apreciar o “belo”, é necessário, sobretudo, aprender a lutar para que a consciência ambiental traduza-se em ações. Do contrário seremos condenados a continuar com o “feio” a figurar como um espectro que desconforta nossas janelas e o ronda o futuro de nossos descendentes.

É óbvio constatar que hoje, com toda esta estiagem, o único lugar onde se encontra água em abundância e de boa qualidade está dentro dos limites do PARNA Serra do Itajaí e durante o assolador calor que impera no asfalto e no concreto, é dentro dos pequenos remanescentes de florestas onde encontramos um clima ameno na cidade de Blumenau.

Foram pouco mais de 30 anos, e espero que meu filho daqui a 33 anos possa escrever uma matéria como esta parabenizando a ACAPRENA por seus incansáveis feitos em prol da natureza, constatando que o nosso trabalho e nossos esforços continuam a valer a pena, e que o Vale do Itajaí seja mais verde com um Parque Nacional a assegurar a água que abastece mais de 500 mil pessoas, com uma cidade arborizada com e um povo muito mais consciente e saudável.

“Parabéns a todos que fazem da ACAPRENA uma ONG cheia de vida, com a experiência de 33 anos, para as presentes e futuras gerações.”

Fabiana Dallacorte, Bióloga, secretária
da ACAPRENA

Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena) - Desde 1973
www.acaprena.org.br contato@acaprena.org.br

Fone/Fax: (47) 3321-0434
Horário de Atendimento: de segunda a sexta, das 08h às 17h
Rua Antônio da Veiga, 140 Sala D-107 Bairro Victor Konder - CEP: 89012-500 Blumenau - SC (junto à FURB - Universidade Regional de Blumenau)

Presidente: Renato Junge
Vice-Presidente: Lauro E. Bacca
1ª. Tesoureira: Cintia G. Gruenner
2º. Tesoureiro: Vanderlei P. Schmitt
1ª. Secretária: Fabiana Dallacorte
2ª. Secretário: Leocarlos Sieves

Conselho Fiscal:
Edson Passold, João B. Ribeiro, Wilberto Boos

Conselho Consultivo:
Carlos E. Zimmermann, Elias João de Melo, Jerry Luís Boos, Lucia Sevegnani, Nelcio Lindner, Noemia Bohn

A Semente é uma publicação trimestral, dirigida e com distribuição gratuita aos associados da Acaprena

Jornalista: Guarim Liberato Jr. (SC 01142JP)
Diagramação: Iumaã C. W. Bacca

Apoio:
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