BLUMENAU - De todo o lixo doméstico que chega ao aterro sanitário municipal, 40% poderia ser reciclado. Papéis e plásticos lideram a lista dos materiais jogados fora indevidamente.

- A reciclagem não é maior por falta de consciência da população, que não se dá conta que o destino inadequado ao lixo gera a poluição de recursos hídricos e a contaminação de solos - conclui o técnico do Samae e tecnólogo em Gestão Ambiental, Jaime Scaburri.

- O programa de reciclagem do Samae chega a 45% das ruas. O serviço tem de crescer conforme o aumento da consciência ambiental. Não adianta ter uma superestrutura, se a população não estiver educada para reciclar - defende o diretor de Operações, Ramiro Nilson.

De acordo com o Samae, Blumenau produz, em média, 160 toneladas de lixo domiciliar por dia. Do total, apenas 10% é reciclado pela autarquia. O Santa conferiu o que o blumenauense joga no lixo. Por sugestão do Samae, os bairros Centro, Velha e Ponta Aguda foram escolhidos com a intenção de traçar o comportamento da população em relação à coleta de resíduos na cidade.

Material orgânico e reciclado devem ficar em lixeiras separadas

O caso mais próximo do ideal, de acordo com a análise de Scaburri, foi encontrado num edifício da Alameda Rio Branco, onde os materiais reciclados e orgânicos são separados em sacolas plásticas diferentes, embora estejam na mesma lixeira.

- A mistura contamina os materiais que poderiam ser reaproveitados - ensina o técnico do Samae.

Das regiões visitadas, a Rua Lauro Zommer, no Morro da Pedreira, apresentou o maior problema, na avaliação de Scaburri. Lá, os entulhos estão no meio da rua, junto a restos de comida e detritos, o que provoca mau cheiro e favorece a proliferação de insetos.

( magali.moser@santa.com.br )

Lixo orgânico vira adubo

Na casa da família Schneider, só vai para o lixo o que não pode mais ser reutilizado. O lixo orgânico é aproveitado como adubo, no quintal, e os materiais reciclados são separados para a coleta seletiva.

A medida se tornou hábito para a coordenadora pedagógica Maria Luísa, 46 anos, e o empresário Rui, 50, principalmente depois da aquisição do terreno onde moram, no Bairro Salto do Norte, em 2004. Na época, encontraram vários entulhos enterrados no quintal. De sacos de plástico a mamadeiras.

- Decidimos fazer o que quem morava antes aqui não fazia. Esperamos nos tornar multiplicadores dessa ação - confessa Rui.

O casal busca incentivar amigos e os dois filhos sobre a importância dessa prática.

- A conscientização ambiental ainda está longe de Blumenau. Não se pode mais esconder o lixo - conclui Maria Luísa.

Repensar o consumo diário é o primeiro passo para quem deseja diminuir a produção de lixo. A opinião é compartilhada entre a especialista em Gestão Ambiental Flávia Keller Alves e o naturalista Nelcio Lindner. - O atual modelo de vida impõe um consumismo que contribui para o aumento do problema. Blumenau ainda não tem essa consciência, embora muitas cidades sequer ofereçam a coleta seletiva de lixo - lamenta Flávia. - Falta em Blumenau uma política pública que reveja o destino dado aos resíduos - conclui o naturalista. Para os especialistas, a população está disposta a colaborar, mas carece de informações. Na avaliação de Flávia, a falta de conhecimento sobre a separação correta do lixo é um dos aspectos mais graves: - Se nas ruas atendidas pela coleta seletiva do Samae separassem corretamente o lixo, seria um grande avanço. Muita gente ainda mistura os lixos seco e orgânico por falta de informação.