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Excursão Terra Indígena – Vale do Itajaí Norte



No dia 01 de julho de 2023, a ACAPRENA promoveu mais uma excursão, desta vez para o Vale do Itajaí Norte, com foco principal na Terra Indígena Ibirama-La Klãnõ. O grupo composto de 27 pessoas teve como ponto de partida e chegada a nossa FURB, em Blumenau. O objetivo foi oportunizar contato com a história, patrimônio cultural, geologia, relevo e paisagem. Para consolidar o conhecimento, os participantes receberam impressos contendo informações histórico/cronológicas sobre a imigração, usos e costumes da região envolvendo os Xokleng e os imigrantes europeus no início do século XX, além da contínua explanação feita pela coordenação.

Pela BR 470 no sentido Oeste, a primeira parada foi no Cemitério Municipal de Ibirama, junto ao túmulo de Eduardo de Lima e Silva Hoerhann - Kathangara - pacificador/harmonizador das relações entre os indígenas e os imigrantes. Chamou atenção o formato de flecha do jazigo e também de não conter data de referência ou nome, além de Kathangara.

Foto 1: Grupo no túmulo de Eduardo de Lima e Silva Hoerhann. Foto: Heinz Beyer

No centro da cidade de Ibirama, mereceu a atenção o Monumento ao Imigrante e ao Povo Indígena. As torres em granito rosa e as estátuas em bronze, foram idealizadas por Fritz Alt (Joinville) e concluídas por Erwin Kurt Teichmann (Pomerode).

Foto 2: Monumento ao Imigrante e ao Povo Indígena, centro de Ibirama. Foto: Leocarlos Sieves

Quando da passagem por Witmarsum, chamou a atenção do grupo, o estado de abandono do Museu do Imigrante que fora a sede da Cooperativa dos Menonitas (imigrantes teuto-russos seguidores de Menon Seimon).

Já na Serra do Catangara, descendo pra Vitor Meireles, fomos recepcionados pelo vice-prefeito Ivanor Boing no mirante. Feitas as apresentações e os contatos iniciais, o grupo deixou o mirante e desceu o vale até a cidade de Vitor Meireles, onde a conversa com Ivanor Boing continuou na Praça dos Imigrantes e na frente de um memorial estátua do artista Victor Meirelles de Lima. Vitor Meireles, simplesmente, que foi o pintor do quadro " A Primeira Missa no Brasil" e "Moema". O nome original da cidade era Forcação, por conta da forca que fazia o rio Palmito na sua foz com o rio Fachinal.

Foto 3: Grupo no memorial e estátua do artista Victor Meirelles de Lima. Foto: Heinz Beyer

Boing que já fora prefeito e secretário de agricultura do Município de Vitor Meireles demonstrou profundo conhecimento da história da região e as grandes dúvidas que pairam quanto ao “Marco Temporal” em discussão no Congresso Nacional e votação no STJ.

Após o almoço, seguiu-se pelo Vale do Rio Denecke até a sua foz no rio Itajaí Norte, onde fomos recepcionados por Joasias Cuiuta Cuzugni, um Xokleng. Este conduziu o grupo até a outra margem do rio, passando sobre a barragem norte, seguindo pela aldeia do Pavão até a foz do Rio Platê.

Foto 4: Joasias Cuiuta Cuzugni (à esquerda), indígena Xokleng que recepcionou o grupo. Foto: Heinz Beyer

A foz do Rio Platê despertou grande interesse do grupo, por ter sido cenário de dois eventos importantes. Em 22 de setembro de 1914 ocorreu aí o primeiro contato pacífico entre índios e um não índio. O segundo evento ocorreu no mesmo local em 07 de dezembro de 1972, quando Lauro E. Bacca acompanhou pesquisadores do Instituto de Biociências da USP, liderados por Paulo Nogueira Neto. Neste local houve uma conversa entre os dois onde este sugere a criação de uma entidade de defesa da natureza em SC. Surge assim o embrião da ACAPRENA que fora então criada em maio do ano seguinte.

Para finalizar, já ao pôr do sol, o grupo seguiu até a Barragem Norte, onde Joasias palestrou sobre a situação em que vivem os Xokleng da Terra Indígena Ibirama-La Klãnõ hoje. Destacou a praticamente inexistência da fauna e a flora silvestre, base, outrora, da alimentação deste povo e os impactos ambientais e sociais provocados pela barragem.

Ao fim do dia, houve parada na lanchonete Aurora em José Boiteux, local muito frequentado pelos indígenas quando deslocam-se até a cidade.

Foto 5: Bem emocionado, Bacca volta pela segunda vez, 50 anos depois, ao local onde surgiu a ideia da Acaprena, na foz do Rio Platê. Foto: Heinz Beyer

Foto 6: Joasias (à esquerda) e Nelcio Lindner, sócio fundador da Acaprena. Foto: Heinz Beyer