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Associado participa de simpósio sobre Fritz Muller



DARWINS WEGGEFÄHRTE

 

Fritz Müllers Berichte aus Brasiliens Tropenwald. “Companheiro de Caminhada de Darwin; Relatos de Fritz Müller sobre a floresta tropical brasileira”.

O simpósio marcava a inauguração da Exposição de “banners” sobre o naturalista preparada pelo Martius-Staden-Institut de São Paulo. Montada no hall da venerável biblioteca da universidade, a exposição estará aberta para visitação até fins de julho. A iniciativa da Universidade de Tübingen também recebeu apoio do Museu de Pesquisa Zoológica Alexander Koenig de Bonn (Zoologischen Forschungsmuseum Alexander Koenig) e da Sociedade Brasil-Alemanha (Deutsch-Brasilianische Geselschaft). Além dos banners a exposição exibia peças zoológicas procedentes do Museu Alexander Koenig e das coleções da universidade de Tübingen.

A universidade de Tübingen sempre teve um carinho especial por Fritz Müller, sentimento expresso diretamente ao cientista em 1877 quando concedeu-lhe um título de Doutor Honoris Causa; o segundo que FM recebia, pois em 1868 Bonn já havia lhe concedido honraria semelhante. Em 1877, a Universidade de Tübingen festejava nada menos que seus 400 anos de fundação! Junto com Marburg, Heidelberg, Göttingen e Freiburg, Tübingen se encontra entre as cinco cidades universitárias clássicas alemãs.

Fritz Müller, aquele simpático velhinho de longas barbas, facão na cintura e cajado, figura obrigatória em todo desfile comemorativo que se dê em Blumenau, é um vulto de primeira grandeza na história das ciências naturais. No entanto, devido a vicissitudes do destino, sua memória não tem recebido o destaque que merece; alemão de nascimento e brasileiro por opção e naturalização, FM tem permanecido no esquecimento tanto aqui quanto na Alemanha. E, por conseguinte, no resto do mundo. Felizmente, tal dívida para com este homem extraordinário principia a ser lentamente resgatada. Admiradores do cientista em ambos os lados do Atlântico se identificam e se juntam para promover ações visando difundir a extensa obra realizada por ele apesar de condições de excepcional despojo e carência, em meio à selva inóspita.

 

É neste âmbito que se deu o simpósio de Tübingen, para o qual tive a honra de ser convidado. Minha participação se deu em duas oportunidades; a primeira já na abertura do evento na tarde de sexta-feira, dia 4 de maio, na imponente sala do Grosser Senat da universidade num prédio chamado Neue Aula. Nas paredes da ampla sala pendiam dezenas de grandes quadros de onde sisudos reitores da instituição pareciam tomar parte do evento e emprestar-lhe dose extra de importância e distinção. A plateia era constituída por convidados especiais, autoridades, professores, pesquisadores, etc. Entre outros oradores, coube-me falar 15 minutos. Havia preparado cuidadosamente um texto onde enfatizei as duas grandes razões que fizeram FM emigrar para o Brasil: sua determinação em não se curvar às imposições religiosas praticadas pelo estado e seu grande desejo de conhecer a natureza exuberante dos trópicos, tão decantada em sucessivos relatos de naturalistas viajantes. A leitura do texto foi ilustrada com alguns diapositivos; após uma rápida sucessão de imagens mostrando a enorme lista de publicações de FM, a exibição de sua modesta casinha em meio a um potreiro às margens do Itajaí-açu em fotografia de 1893 feita por Alfred Möller, causou impacto ao demonstrar do que é capaz de realizar uma pessoa inteligente, dotada de criatividade e persistência a partir de meios exíguos.

A segunda oportunidade em que me coube a palavra foi durante o simpósio propriamente dito que durou todo o dia de sábado, cinco de maio. Conforme tinha sido encomendado, minha exposição discorreu sobre a troca de correspondência entre FM e Charles Darwin. Foi emocionante assistir pesquisadores alemães demonstrando intimidade com a biografia e a obra do “nosso” Fritz. Cada palestrante dispunha de 45 minutos. Assim, Thomas Junker de Tübingen falou sobre o “Für Darwin, FM e a biologia da evolução”. Rainer Fabry, de Curitiba, discorreu sobre “Partida para o novo mundo”; Stefan Schneckenburger, de Darmstadt, tratou do tema “Estilos, bastãozinho e tubinhos – FM e a botânica”. Wolf Engels, Professor da Universidade de Tübingen, grande admirador de FM e idealizador do evento, se reservou o tema “Mimetismo Mülleriano e outros descobertas zoológicas. Cristiane Krug, atualmente em Manaus, falou sobre “As abelhas de FM na região de Blumenau, então e hoje. Rainer Radtke, de Tübingen,  encerrou o simpósio com uma bem humorada palestra, conquistando a plateia logo de início ao abrir sua camisa, como um super-homem, exibindo uma camiseta com a assinatura de FM. Falou sobre FM em Blumenau e Desterro. Apresentou, numa sucessão de fotos, aspectos tão familiares para nós como o Arquivo Histórico, o Museu FM e o túmulo do sábio.

O simpósio foi um sucesso tendo sido objeto de uma matéria no jornal local, Schwäbisches Tagblatt, e inclusive na televisão, no canal BW EINS, ambos no dia 7 de maio, segunda feira. Fritz Müller principia enfim, a ganhar a merecida visibilidade. Oxalá venha a ser tão conhecido e venerado entre os biólogos da atualidade como o fora no cenário científico do século 19.

Cezar Zillig



Relato de participação do associado Cezar Zillig, em simpósio ocorrido na Universidade de Tübingen, Alemanha, nos dias 4 e 5 de maio próximo passado
Cezar Zillig, associado ACAPRENA