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PRESENÇA DE MOLUSCOS BIVALVES EM TAIÓ-SC



OS MOLUSCOSOs moluscos bivalves, assim chamados por terem concha formada por duas partes (valvas), devido a sua carapaça mineralizada, seja ela calcítica ou aragonítica, representam um registro fóssil extenso e impressionante, cuja presença remonta ao Período Cambriano. Trata-se de organismos adaptáveis à grande maioria dos meios, mostrando capacidade de colonizar tanto oceanos (bivalves, gastrópodes e cefalópodes); como águas doces (bivalves e gastrópodes), ou ambientes terrestres úmidos (gastrópodes) (USP, 2011).A ampla distribuição desses organismos permitiu seu registro geológico que está dentre os mais expressivos e mais completos na história do planeta. Nos atuais ambientes marinhos essa condição ainda persiste, onde continuam sendo dominantes, em número de espécies (USP, 2011).A assembléia fóssil encontrada em Taió constitui uma tanatocenose formada por conchas acumuladas por correntes ou ondas, em águas rasas, expostas e depois, novamente recobertas por material sedimentar.EXEMPLARES COLETADOSDurante viagem, de cunho ecológico, da ACAPRENA - Associação Catarinense de Preservação da Natureza nos dias 03 e 04 de dezembro de 2011, visitou-se uma propriedade rural, na Rua Fortunato Stringari, em região antigamente chamada de Ribeirão da Lage, de coordenadas 27º06128.94" (S) e 50º 01'08,86" (W), na cidade de Taió, em Santa Catarina. O local exibe afloramentos de rocha sedimentar onde foram encontrados inúmeros exemplares de fósseis de pectinídeos, ou moluscos bivalves, que, ao que tudo indica, trata-se de Heteropecten catharinae.Segundo informações da própria Prefeitura Municipal de Taió (2011), que foram embasadas em estudos e informações paleogeológicas realizadas por ROCHA-CAMPOS (1970), do Departamento de Geologia e Paleontologia da Universidade de São Paulo - USP, que realizou ampla investigação sobre os fósseis da região de Taió objetivando sua tese de doutorado, apresentada em 1964.Mirian Cardoso em seu blog (CARDOSO, 2012) também cita as unidades de rochas sedimentares que contem os fósseis de Heteropecten catharinae, que afloram a região de Taió. Tais rochas pertencem ao Grupo Tubarão, Subgrupo Itararé, e datam de 220 ou 230 milhões de anos atrás. A espessura máxima desses afloramentos rochosos pode superar os 100 metros. As concentrações de conchas podem chegar a algumas centenas por metro quadrado de sedimento. Tais camadas contendo fósseis marinhos registra a presença de águas salgadas de curtos períodos, similarmente ao que se constatou no mar Báltico.Boardman (2006), ao estudar material paleobotânico na mesma área, também, menciona os depósitos marinhos com faunas de molusco pectinídeos e equinodermas, representativos de uma sucessão pós-glacial, na região.A aglomeração e deposição de tais fósseis teriam sido gerada durante a glaciação pleistocênica.Ao que tudo indica, até o momento não há evidências de outros sítios arqueológicos com esse tipo de molusco em outro local do Brasil. Inúmeros estudos paleontológicos foram feitos por universidades regionais, como a FURB de Blumenau, outras entidades de Joinville e de Balneário Camboriú. Também amostras de Heteropecten catharinae estão em centros de estudos no Rio de Janeiro e até em Londres.REFERÊNCIASBOARDMAN, D. R. Tanoflora de Taió, Santa Catarina (Permiano Inferior, Formação Rio Bonito, Bacia do Paraná). Dissertação de Mestrado, Porto Alegre, 2006, 113 p., UFRS, Instituto de Geociências, Pós-graduação em geociências.CARDOSO, T. M. S. Fósseis de Taió. Disponível em: . Acesso em: 04.11.2012.PREFEITURA MUNICIPAL DE TAIÓ. Departamento de Comunicação Social do Município de Taió. História - Aspectos geográficos. Disponível em: < http://www.taio.sc.gov.br/site/historia/historia.htm>. Acesso em: 06.12.2011.ROCHA-CAMPOS, A. C. 1970. Moluscos perniamos da Formação Rio Bonito. DNPM, Divisão de Geologia e Mineralogia, p. 1-89 (Boletim 251).USP. Moluscos. Disponível em: . Acesso em: 06.12.2011.

Resenha da associada Dra. Claudete M. Percebon
Dra. Claudete M. Percebon