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Urbanização impõe comportamento sedentário a crianças



A urbanização impõe um comportamento sedentário a crianças e adolescentes. A conclusão é do doutorado do educador físico Aylton Figueira Junior, defendido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O pesquisador comparou dados nutricionais e o nível de atividade física de 484 crianças e adolescentes entre 11 e 15 anos das cidades paulistas de Santo André – localizada na região metropolitana, com quase 700 mil habitantes – e de São Bento do Sapucaí – situada no interior, com nove mil habitantes, sendo que a maioria reside na área rural. A primeira coleta de dados ocorreu em 1997 e a segunda em 2007.

O impacto da urbanização pode ser observado no quesito resistência física. A piora dos voluntários que vivem na cidade nos dez anos chegou a 35% em comparação aos da área rural.

Segundo a pesquisa, o sedentarismo das crianças e adolescentes urbanos tem sido agravado nos últimos anos devido a fatores como: hábitos alimentares, jornada desenfreada de trabalho da família e falta de espaço para a prática de atividade física. “A verticalização, por exemplo, cria impedimentos para as pessoas serem naturalmente mais ativas. As casas, por exemplo, estão cada vez menores, com menos espaços livres. Ao mesmo tempo, os prédios oferecem um número maior de vagas na garagem, priorizando esse meio de transporte”, explica o pesquisador.

A verticalização também se mostra problemática mesmo com as áreas de lazer dos condomínios. Muitos possuem espaços de fitness, piscinas, academias e espaços para corrida. Mas possuí-los apenas não basta. “Se os pais não utilizam esses locais, os jovens dificilmente o farão. Mesmo com os parques e praças, quem os utiliza diariamente? Há uma falta de regularidade na utilização desses espaços de lazer”, diz Aylton.

Para tentar modificar essa situação, a família apresenta-se como importante agente, segundo o pesquisador. “A família é decisiva no hábito comportamental das pessoas”, diz.  É preciso, por exemplo, incentivar a participação das crianças e adolescentes em atividades físicas, começando pelas aulas de educação física na escola, e passando por atividades recreativas e educativas em outros locais. Paralelamente, é imprescindível um maior investimento governamental no incentivo às atividades esportivas.

O educador planeja retomar sua pesquisa com o mesmo grupo após cinco anos da última pesquisa. “No período da pesquisa, muitos não fumavam ainda. “Acompanhando, poderemos analisar as mudanças dos hábitos de vida de cada um para saber os impactos e as mudanças ocorridas neste período”, finaliza Aylton.



Alexandre Saconi/Aprendiz/Envolverde