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Semana do Clima começa marcada por 1000 eventos



Ativistas, celebridades e empresários realizam manifestações com o intuito de pressionar os líderes mundiais para que adotem uma postura mais firme com relação às mudanças climáticas nas reuniões que serão realizadas nos próximos dias.

Grupos empresariais divulgam cartas abertas, ONGs e pessoas comuns fazem manifestos e até a modelo Gisele Bündchen discursa chamando a atenção para as mudanças climáticas. Todas estas ações são para alertar presidentes e representantes de governos que estão nos Estados Unidos para uma intensa semana de reuniões que terão como um dos principais focos  um novo pacto de redução de emissões – Fato que rendeu aos próximos sete dias o apelido de “Semana do Clima”.

Chefes de Estado se reúnem nesta terça-feira (22) para discutir as mudanças climáticas, às vésperas do início da 64° Assembléia Geral da ONU em Nova York, que também deverá abordar o assunto. O presidente Luis Inácio Lula da Silva, por exemplo, deve cobrar dos países desenvolvidos a liderança no combate ao aquecimento global no seu discurso de abertura.

Na quinta-feira, os representantes do G20 partem para Pittsburgh onde participam de mais uma cúpula, que entre questões como comércio internacional, sistema bancário e recessão, deve debater a possibilidade de um acordo na Conferência do Clima de Copenhague, em dezembro.

Visando colocar pressão nesses encontros para que não fiquem apenas nos discursos, uma coalizão de empresários, sindicatos, pesquisadores e organizações ambientais divulgou uma carta na qual alerta que as nações do G20 estão falhando ao não serem velozes o suficiente na transição para uma economia de baixas emissões.

“A maioria dos membros do G20 não incluiu recursos suficientes para investimentos verdes em seus pacotes de estímulo econômico, e a eficiência desses estímulos já está comprometida pelo atraso na distribuição dos recursos. Até o final de 2009, apenas 3% do dinheiro prometido por esses países será distribuído”, afirma a carta, que é assinada, entre outras autoridades, pelo diretor geral do WWF Internacional, James P. Leape, e pela diretora do Instituto Internacional de Desenvolvimento do Meio Ambiente (IIED), Camilla Toulmin.

Empresários brasileiros, em uma iniciativa similar, também entregam nesta segunda-feira (21) aos chefes de Estado uma carta pedindo ação rápida e ambiciosa para manter as temperaturas com uma elevação máxima de 2° C. “Os empresários brasileiros estão atentos ao problema e enxergam na crise climática global formas de operar dentro de uma nova economia, baseada em baixas emissões de gases do efeito estufa”, afirma Juarez Campos, coordenador de Sustentabilidade Global do GVces e um dos responsáveis pela implementação do Programa Empresas pelo Clima (EPC).

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, pediu para que a reunião focasse nos desafios globais. “Eu gostaria que o G20 conversasse sobre uma globalização responsável. De forma que se equilibre o crescimento global, a estabilidade financeira, as mudanças climáticas e a ajuda para os mais pobres, incluindo ai nosso plano de auxílio para momentos de crises dos quais esses países não são responsáveis, mas são as maiores vítimas”, afirmou Zoellick em entrevista para o jornal britânico Financial Times.

1000 eventos

Por todo mundo, estão sendo promovidas manifestações, algumas capitaneadas por celebridades como a recém eleita embaixadora da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Gisele Bündchen, outras de pura iniciativa de pessoas comuns.

A Campanha TicTac, promovida por diversas ONGs e instituições humanitárias, por exemplo, vai promover nesta segunda-feira (21) uma série de 1000 eventos com o título a “Hora de Acordar” (http://www.avaaz.org/po/tcktcktck_map). Pessoas que se preocupam com o clima foram convidadas a participar dos eventos que vão ser realizados em diversos pontos do planeta.

A campanha pede “que os líderes globais assinem um tratado climático ambicioso, justo e vinculante capaz de impedir uma catástrofe climática”. Segundo a Avaaz, uma das organizadoras, os encontros da ONU e do G20 nesta semana serão os últimos eventos de governantes antes da reunião final em Copenhague em dezembro, e que isso faz desta semana um marco na luta para a redução das emissões.

Efeito positivo da recessão

Essa luta, aliás, conseguiu uma vitória inesperada. Segundo uma reportagem do Financial Times, um estudo da Agência Internacional de Energia (AIE), que será publicado em novembro, comprova que a recessão econômica resultou na queda histórica das emissões.

Esta é a primeira grande pesquisa a abordar o impacto da recessão nas mudanças climáticas e descobriu que as emissões de dióxido de carbono (CO2) registraram a maior queda nos últimos 40 anos, ultrapassando inclusive a observada em 1981, quando houve a crise do petróleo.

Políticas governamentais também teriam influenciado a redução, segundo a AIE, 25% da queda foi devido a elas. Três iniciativas receberam destaque no estudo: a meta européia de corte de 20% em 2020, o novo padrão norte-americano para emissões dos automóveis e as medidas de eficiência energética chinesas.

Para o economista chefe da AIE, Fatih Birol, esses dados podem tornar “menos difícil” o objetivo de estabelecer metas de redução que sejam satisfatórias para se evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. “Mas isso só terá significado se pudermos usar essa janela de oportunidade e fecharmos um acordo em Copenhague”, concluiu Birol.



Envolverde/Carbono Brasil