Com a água na altura dos joelhos, Roberto Carlos Rosa, 23 anos, retirou ontem de manhã duas televisões, um sofá e um rack da casa de alvenaria onde mora com a esposa e a filha de três anos. Foram os pertences que ele conseguiu salvar depois que a água invadiu a Rua Henrique Müller, no Bairro Jardim Alexandro, em Rio do Sul, uma das seis regiões afetadas pela chuva dos últimos dias. O servente de pedreiro mora há um ano na localidade, a mais baixa da cidade. Mas ontem Roberto precisou se mudar, com a roupa do corpo, para a casa da sogra.

– As nossas roupas ficaram embaixo da água. Não sei o que vamos poder aproveitar. A água subiu muito ligeiro. Quando vi, já estava na altura do joelho – conta Roberto, que colocou temporariamente os móveis na casa do vizinho, construída sobre uma base alta de cimento.

Em Rio do Sul, a chuva dos últimos dias atingiu mil pessoas, que precisaram sair de casa. Até a tarde, 10% delas se mudaram para três abrigos municipais reativados ontem na cidade. Os demais moradores procuraram abrigo na casa de parentes. Apesar dos estragos nas residências, a Defesa Civil não contabilizou deslizamentos ou quedas de barreiras. De acordo com o diretor do órgão, Alécio Leontino Pereira, desde o começo do mês choveu 255 milímetros, quando o normal para o mesmo período são 120 milímetros. Só nas últimas 24 horas, foram 56 milímetros de chuva.

A precipitação também causou transtornos para os motoristas. Pela manhã, o trevo de acesso ao novo elevado precisou ser fechado por causa da água. Guardas de trânsito ajudaram a manter o fluxo. Em dois pontos da rodovia SC-302, que liga Rio de Sul a Aurora, o tráfego foi interrompido nos dois sentidos. A pista tinha mais de um metro de água próximo aos kms 5 e 7. No mesmo local, enquanto curiosos observavam a lagoa formada em plena rodovia, moradores tentavam atravessar uma ponte pênsil, que ligava o Bairro Albertina ao Bairro Bonfim. Uma viatura da Polícia Militar parou no local para impedir a travessia perigosa.

Por medida de segurança, as aulas nas escolas municipais de Rio do Sul foram suspensas até amanhã. Conforme a assessoria de imprensa da prefeitura, a maioria dos colégios públicos fica no interior do município e as estradas estão alagadas ou com difícil acesso.

As barragens do Alto Vale foram acionadas às 9h. No final da tarde, as comportas das três estruturas estavam fechadas. Só uma comporta da barragem de José Boiteux estava aberta e 20% do reservatório ocupado. Em Ituporanga, a ocupação era de 18% e em Taió, 18%.

Às 16h, o nível do rio estava em 8 metros e 29 centímetros em Rio do Sul. No final da tarde, a prefeitura decretou situação de emergência no município.