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Floresta pode pagar a conta no debate em Copenhague



As negociações sobre a redução do desmatamento de florestas, nas quais o Brasil desempenha um papel fundamental, deve ser um dos grandes temas no encontro de Copenhague, em dezembro. Mas alguns especialistas temem a pressão dos países ricos sobre o assunto se sobreponha ao próprio esforço das nações industrializadas em reduzir suas emissões de carbono. Ou seja, a conta inicial acabaria sendo paga por países que têm grandes coberturas florestais.

O desmatamento seria responsável por 20% das emissões globais de gases do efeito estufa. O restante, 80%, seria consequência de emissões de carbono provenientes de outras fontes, como processos industriais – na conta, portanto, dos países mais ricos, especialmente os EUA.

O problema, segundo alguns especialistas, é a possibilidade de o acordo sobre desmatamento ser fechado em Copenhague, mas outras questões, como a redução de emissões de carbono, acabarem sem consenso.

"Um acordo sobre as florestas pode acabar como um exercício de propaganda verde se não houver um tratado juridicamente vinculante (obrigatório) para combater a mudança climática em Copenhague", alerta Nathaniel Dyer, da ONG britânica, Rainforest Foundation.

A Redução das Emissões Derivadas do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) tornou-se uma das questões-chave na negociação de um novo acordo internacional para combater as alterações climáticas – mas não a única. O Brasil pretende propor a redução em 80% do desmatamento da Amazônia até 2020. Para isso, seriam necessários recursos da ordem de R$ 4,5 bilhões até lá.

Para alguns especialistas, conter o desmatamento seria mais fácil que impor cotas de redução de emissão de carbono, não só de nações industrializadas como os EUA, mas de emergentes como a China.

"Reduzir o desmatamento é a forma mais rápida e mais barata de eliminar uma parte significativa das emissões de gases do efeito de estufa mundialmente, por essa razão há muitas possibilidades de se alcançar um acordo a respeito", comenta Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.

Delegados de mais de 180 países que negociaram esta semana em Barcelona, na última rodada de discussões técnicas para a reunião de Copenhague, já reconhecem abertamente que a reunião na capital dinamarquesa, de 7 a 18 de dezembro, pode não criar um tratado definitivo – especialmente quanto ao compromisso de redução de emissões de carbono provocado por atividades econômicas.

Tudo aponta para uma declaração de intenções políticas e a decisão de se estabelecer um novo prazo para tentar se concluir um novo acordo climático internacional em 2010. Um dos principais obstáculos é a dificuldade dos EUA para se comprometer internacionalmente com números precisos da redução de suas emissões.

"Os países industrializados têm uma responsabilidade histórica pela mudança climática e um acordo sobre florestas não será eficaz sem compromissos desses países para reduzir suas emissões em pelo menos 40%", diz Alejandro Alemán, do Centro Humboldt da Nicarágua.

Mais cana-de-açúcar com mudanças no clima - As mudanças climáticas e o aumento da concentração de CO² aliados aos avanços tecnológicos poderão proporcionar um aumento significativo na produção de cana-de-açúcar no país, nos próximos 70 anos. Cientistas da USP estimam que a produção poderá atingir 120 toneladas por hectare em 2080.

A estimativa é feita no estudo “Mudanças climáticas e a expectativa de seus impactos na cultura da cana-de-açúcar na região de Piracicaba”, apresentado pela engenheira ambiental Júlia Ribeiro Ferreira Gouvea, como dissertação de mestrado.

"Nos últimos anos, a produtividade média vem atingindo cerca de 85 toneladas por hectare", diz o professor Paulo Cesar Sentelhas, que orientou o trabalho.

Cenários - Segundo ele, uma das principais fontes para a elaboração da pesquisa foi o quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2007, da ONU, que apresentou cenários futuros de mudanças climáticas.

"O efeito do aumento do CO² e o consequente aquecimento do clima vai favorecer o processo de fotossíntese da cana-de-açúcar", comenta o pesquisador.

De acordo com o cenário estimado no estudo do IPCC, a temperatura global deverá atingir um aumento médio de até 4 graus Celsius no ano de 2100. A pesquisa mostra uma escala de previsão de aquecimento em que 2020 o aumento poderá ser de 1 grau; e em 2050, até 2 graus.

De acordo com o estudo realizado pela pesquisadora da USP, em relação à condição atual, a produtividade aumentará cerca de 15% em 2020, 33% em 2050 e 47% em 2080. (Fonte: JB Online)



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