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Mudanças climáticas, acordo frustrado e tragédias em 2009



No início de 2009 uma esperança. “Lula acredita que negociação sobre mudanças climáticas deve avançar com Obama”. Até dezembro, a expectativa. A necessidade de um novo acordo mundial para combater as mudanças climáticas. Todas as apostas na Conferência do Clima, COP-15, em Copenhague, na Dinamarca.

Um alerta antigo. Antes dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), os cientistas já alertavam para os riscos do aquecimento anormal do planeta. “
Ciência do aquecimento global já completa 182 anos de alertas”.

Previsões

Um estudo publicado na Revista Science previu um efeito devastador na agricultura. Se não houver uma adaptação, metade do mundo poderá enfrentar uma grande escassez de alimentos. A mesma revista publicou outro artigo afirmando que o aumento do nível do mar pode ser 25% maior que o esperado.

Pior do que se imaginava. De acordo com o pesquisador Chris Field, membro do IPCC, o aquecimento global neste século será muito mais grave do que se acreditava. Ele afirmou que as temperaturas futuras "vão passar de qualquer valor que tenha sido previsto".

Um relatório divulgado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) estimou que a mudança do clima pode contribuir para o deslocamento de um contingente populacional de aproximadamente 200 milhões de pessoas até 2050.

Dúvidas

O presidente tcheco, Vaclav Klaus, questionou a existência da mudança climática. "Não penso que haja uma mudança climática", declarou durante o Fórum Econômico Mundial.

Uma pesquisa contestou a relação do El Niño com a intensificação das mudanças climáticas. O estudo revelou que em 1918 o fenômeno foi muito mais intenso do que se pensava e antes mesmo dos problemas decorrentes da queima de combustíveis fósseis e derrubada de florestas.

Em setembro, outro cientista do IPCC afirmou que o mundo vai entrar em um período de resfriamento global. Leia em “
Mundo vai entrar em período de resfriamento global, diz cientista do IPCC”.

Evidências

Um relatório divulgado em fevereiro, em Genebra, apresentou as conclusões de mais de 10 mil cientistas de 60 países. O Ártico e a Antártida estão aquecendo mais rápido do que se esperava. O gelo está derretendo, especialmente na Groenlândia. Em setembro foi publicado “
Derretimento da calota polar ártica de 2009 é o terceiro maior desde 1979”.

Tragédia anunciada. Em abril foi publicado. “
Aquecimento global aumenta enchentes em São Paulo”. Simulações de computador sugeriram que o aquecimento global pode mais do que dobrar o número de chuvas com potencial de causar enchentes até o fim do século.

Alternativas

Em julho, um grupo de cientistas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, criou uma árvore artificial que pode ajudar a combater o aquecimento global. A estrutura é capaz de absorver CO2 da atmosfera quase mil vezes mais rápido do que as árvores de verdade. (
Cientistas criam árvore artificial contra aquecimento global).

Pé no freio. Uma pesquisa realizada com 26 mil pessoas em 25 países, inclusive o Brasil, indicou que um em cada cinco brasileiros acredita que é preciso proteger o meio ambiente mesmo que isso represente redução do crescimento econômico e a perda de empregos.

COP-15

Em abril, o embaixador brasileiro para mudança do clima, Sergio Serra, disse que dificilmente a reunião do Clima, na Dinamarca, terminaria com um acordo. Disse ainda que poderia se chegar aos parâmetros gerais de um acordo, mas que a decisão sobre metas deve ficar para 2010.

Também em abril, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, afirmou que os Estados Unidos vão liderar o combate ao aquecimento. No mês seguinte, os EUA prometeram ações ambiciosas no tratado climático da ONU.
Em novembro, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, foi mais um a afirmar que achava improvável o acordo em Copenhague. No mesmo mês, a anfitriã do encontro, Dinamarca, sugeriu que o acordo seja firmado em 2010.

Antes da reunião, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciou as ações que o Brasil tomará para mitigar as emissões de CO2 até 2020. A proposta é de redução entre 36% e 39% a emissão de gases causadores do efeito estufa. O combate ao desmatamento na Amazônia será o principal fator e deverá ser reduzido em 80% até 2020.

Mobilização popular. O ministro do meio ambiente, Carlos Minc, destacou a importância da participação da sociedade nas discussões sobre o aquecimento global.

Tristeza. O ministro afirmou ainda que o desfecho da COP-15 foi um dos dias mais tristes de sua vida. Em entrevista a uma emissora de TV ele atacou os Estados Unidos e a direção dinamarquesa da cúpula. "O texto deixa muito a desejar", disse, alegando que pelo menos houve avanços na questão do controle do aumento da temperatura do mundo e na questão das florestas, que foram incluídas no acordo, com mecanismos de pagamento para que a floresta seja mantida de pé.

No dia 29 de dezembro, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, sancionou com vetos a lei que estipula as metas climáticas para o Brasil.

Um ano quente. Além das discussões que foram postergadas e prometem aquecer os debates, 2010 pode bater todos os recordes de temperatura.
Final trágico

Além da frustração de um acordo não firmado, o final de 2009 foi marcado por uma série de catástrofes causadas por fenômenos causados pelo clima. Chuvas em São Paulo, Rio grande do Sul e no Rio de Janeiro causaram estragos irreparáveis. Em Angra dos Reis, a notícia dos deslizamentos de terra que cobriram a pousada Sankay, e mataram 52 pessoas na região, estampou os primeiros jornais de 2010.

(*) Produção e pesquisa de Neide Campos.


Danielle Jordan / Ambiente Brasil