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SOS golfinhos na Costa Verde



Uma área de beleza rara, localizada na parte oeste da Baía da Ilha Grande, onde é possível encontrarmos ilhas pouco exploradas, água cristalina e uma biodiversidade marinha estupenda. Quem lê esse relato pensa em um lugar paradisíaco, de fato é, mas não sabe os problemas que esse mar, que banha o pequeno vilarejo de pescadores de Tarituba, em Paraty, passa e nem o que o homem vem fazendo para deteriorá-lo.

O local vem sendo, cada vez mais, usado por barcos pesqueiros e de turistas que não se preocupam com a biodiversidade do local. E o resultado disso é um número grande de botos-cinza (Sotalia guianensis), ou se preferir os famosos golfinhos, com lesões, tanto pequenas quanto graves.

Mil espécimes

Aproximadamente, há mil indivíduos naquela região da baía e cerca de cem se encontraram feridos, apontou uma pesquisa feita pela equipe do Laboratório de Bioacustica e Ecologia de Cetáceos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Composta pelo veterinário Felipe Torres e pelos biólogos Rodrigo Tardin e Mariana Espécie, a equipe, patrocinada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenada pela professora Sheila Marino Simão, tem justamente como objetivo estudar o impacto do homem naquela região da baía e os prejuízos e danos que os mesmos oferecem aos golfinhos que habitam o local.

– A presença dos Sotalia guianensis na região é favorecida pela variedade de hábitats como ilhas, lajes, costões rochosos, praias, mangues, estuários e baixios de lama costeiros, que permitem a manutenção de uma biota variada. Por outro lado, a presença de um terminal marítimo de petróleo, duas usinas nucleares, um porto, um estaleiro naval de grande porte e diversas marinas, além da proximidade da Baía de Sepetiba, bastante poluída, constituem ameaças à manutenção da condição atual. Isso sem mencionar a intensa atividade pesqueira e turística no local – explicou Rodrigo Tardin.

A pesquisa que o grupo está fazendo já dura oito meses e vai se encerrar em julho, quando os integrantes devem entregar o relatório final de como se encontram os golfinhos na área. O estudante de Veterinária Felipe Torres explica melhor a atividade feita pelo grupo:

– Os dois biólogos saem de barco com uma maquina fotográfica e vão ao local de estudo onde geralmente os golfinhos se concentram. Chegando lá, tiram fotos dos animais observando seu comportamento. Após as imagens capturadas, eu, no laboratório analiso as fotos e procuro marcas que possam ser causadas através de alguma ação humana como a pesca e o turismo. Nisso entra muito estudo e artigos de outros profissionais que nos ajudam a classificar cada tipo de lesão – afirma o veterinário.

Felipe explica que a pesca, principal fonte de renda do vilarejo de Tarituba, normalmente complica a vida dos golfinhos devido às redes que os pescadores jogam em busca dos peixes e também de alguns anzóis que acabam atingindo os animais.

– Quando o golfinho fica emaranhado na rede, ele acaba não conseguindo ir até a superfície e com isso acaba morrendo afogado. Já o turismo, acaba machucando muitos deles por causa das lanchas que os atropelam ou então as suas hélices que são capazes até de amputar suas nadadeiras.

Biodiversidade

Cientes de que de Tarituba é uma é uma vila de pescadores com 970 moradores, todos altamente dependentes das pescas, o grupo entende que não se deve proibir a atividade no local, e sim delimitar a prática, ou seja, mostrar como e a quantidade do que pode ser pescado e mostrar o risco que a prática em excesso representa para a biodiversidade local.

Resta agora esperar e torcer para que essa idéia seja seguida e que essa área seja preservada para que continue encantando as pessoas que passarem por lá, de preferência com consciência ecológica já que a ONU declarou 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade.
(Fonte: Jornal do Brasil / JB Online)



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