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Celebração de despedida



Não é que a gente não sabia, nem que não estávamos já alarmados, mas quando nossos piores temores são confirmados pela revista Science, num esforço conjunto de 44 pesquisadores, parece que a situação toma proporções ainda mais preocupantes. O estudo recém publicado revela que os esforços para a redução da perda de biodiversidade causada pelas atividades humanas não estão sendo vem sucedidos, nem de longe. Aliás, muito pelo contrário, por exemplo, se em 2002, segundo os cálculos da União Internacional para a Conservação da Natureza (http://www.iucn.org/?5140/World-governments-fail-to-deliver-on-2010-biodiversity-target ) havia 11 mil espécies ameaçadas de extinção, agora há cerca de 17 mil.

Como a biodiversidade é complexa e não se resume ao conjunto de espécies, o estudo usou mais de 30 indicadores, medindo os diferentes aspectos da biodiversidade. Além das espécies, populações e riscos de extinção, os pesquisadores consideraram a extensão dos habitats (ambientes onde as espécies vivem) e a composição das comunidades. Ainda assim, não é possível ter precisão em números de espécies extintas, pois conhecemos apenas uma parte das espécies existentes do planeta. Além disso, há outros aspectos da biodiversidade, tal como sua estrutura, que são de difícil mensuração, mas podem ter grandes impactos sobre sua manutenção.

De qualquer forma, o resultado, mesmo que impreciso em seu aspecto quantitativo, é muito claro: estamos falhando fragorosamente em conservar a biodiversidade de nosso planeta. E isso, considerando o padrão normal de detonação da nossa espécie, ou seja "business as usual", agora, imagine o que acontece quando uma enorme mancha de óleo se desloca por aí...

No Brasil, um dos países com maior biodiversidade do mundo, a situação não é para comemorações. Se por um lado, havia um esforço de criar novas áreas protegidas (talvez para poder destruir todo o resto com a consciência mais tranquila), por outro, há um conjunto de propostas para minar esse esforço e para desmontar a política ambiental do país, com consequências graves. Há propostas para consolidar o uso econômico de áreas desmatadas ilegalmente; há propostas para enfraquecer o Zoneamento Ecológico-econômico como instrumento de planejamento; há o bloqueio de setores governamentais à criação de novas áreas protegidas; entre várias outras.

Deve ser uma forma inusitada de celebrar o Ano Internacional da Biodiversidade...



Nurit Bensusan/ http://oglobo.globo.com/blogs/nossoplaneta/