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Preocupação com clima e degelo marca o Ano Polar



 

O Ártico vai derreter de vez? Os efeitos do aquecimento global na Antártida são uma ameaça para a civilização? Mais de 50.000 cientistas esperam encontrar as respostas para essas e outras questões na mais extensa série de estudos das regiões polares já realizada.

Com coordenação das Nações Unidas, teve início, oficialmente, nesta quinta-feira, dia 1º, o Ano Polar Internacional.

O Ano unifica pesquisadores de 63 países em 228 estudos, que se valerão de navios, satélites e submarinos. O projeto se estende até março de 2009.

Para o lançamento oficial do Ano, em Oslo, cerca de 3.000 crianças montaram bonecos de neve, meio derretida, e agitaram bandeias nas quais se lia a mensagem: "Devolvam-nos o inverno".

Em Paris, cientistas reuniram-se, enquanto mais especialistas realizavam um encontro dentro de um barco de pesquisa na Cidade do Cabo.

"O ano polar é importante para todo mundo que vive no planeta", afirmou o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, quando questionado sobre se os habitantes de locais como a África e a Ásia deveriam se preocupar com as pesquisas feitas nas extremidades geladas da Terra.

"Estamos assistindo a uma mudança climática clara nas áreas polares, e as pesquisas podem nos fornecer dados decisivos para a luta contra o aquecimento global", disse.

Os projetos do Ano Polar envolvem programas sobre o estudo da vida marinha, análises de como os ventos carregam poluentes no Ártico e o estado de saúde de seres humanos e animais que vivem perto dos pólos.

Alguns cientistas ainda devem levar aviões para dentro de tempestades na Groenlândia e medir a camada de gelo por meio de satélites.


Derretimento acelerado - O Instituto Polar Norueguês afirmou, em relatório, que o derretimento das geleiras em Svalbard, uma cadeia de ilhas do Ártico localizada a cerca de 1.000 quilômetros do Pólo Norte, está se tornando mais rápido.

"É fácil perceber que o derretimento acelerou-se nos últimos cinco anos", afirmou. "Dessa forma, o gelo de Svalbard está contribuindo mais do que antes para a elevação do nível dos oceanos." A subida dos mares pode ameaçar cidades como Tóquio, Nova York e Rio de Janeiro.

As temperaturas no Ártico estão subindo cerca de duas vezes mais rápido do que a média global. O fenômeno deve-se, aparentemente, ao fato de a água e o solo, quando expostos ao Sol, absorverem mais calor do que a neve ou o gelo, que refletem mais a luz. A Antártida está conseguindo manter-se menos quente porque seu grande volume de gelo funciona como um refrigerador.


Brasil na Antártida - No Brasil, o Ano Polar será aberto oficialmente pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, com teleconferência, ao vivo, a partir da Antártida.

O envolvimento brasileiro vai se dar no âmbito do Programa Antártico Brasileiro. Os projetos, em cooperação com outros países, envolverão: estudos da atmosfera e sua conexão com a América do Sul; impacto do clima espacial na atmosfera polar e influência das correntes oceânicas provenientes da Antártida na plataforma da América do Sul, em especial na costa brasileira.

Também serão estudadas as alterações na massa de gelo da Península Antártida e seus impactos nos ecossistemas terrestres e marinhos; biodiversidade molecular; e ecologia microbiana. Um dos grandes projetos do API que conta com a participação brasileira é o Censo de Vida Marinha Antártida, que faz parte do maior inventário de espécies marinhas já realizado.

Segundo a coordenadora do grupo de avaliação ambiental do Programa Antártico Brasileiro, Tânia Brito, estudar o que acontece na Antártida é fundamental para entender as mudanças em curso no mundo. "A região é o refrigerador do planeta. É na Antártida que são formadas as correntes marítimas e atmosféricas que vão influenciar outras regiões". 



Estadão Online