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A recuperação do verde em Blumenau (SC)



Um norte para a preservação
Blumenau terá de crescer em direção às Itoupavas para manter mais da metade do município coberta por áreas verdes
GIOVANNI RAMOS 

 
Para preservar a vegetação que cobre 61% do município, Blumenau terá de crescer de forma ordenada para a região Norte e manter áreas verdes em meio a prédios e residências.

A Bacia do Itajaí recuperou 24,6% da cobertura vegetal em 14 anos graças ao enfraquecimento da agricultura. Agora, a preocupação de especialistas é preservar o que foi conquistado, sem estancar o desenvolvimento urbano.

Para controlar o crescimento da cidade, a Secretaria de Planejamento Urbano (Seplan) dividiu o perímetro urbano em três áreas: adensamento controlado, consolidação e expansão do desenvolvimento.

A primeira região, que abrange Vila Itoupava, Velha Grande e o Sul do Distrito do Garcia, é predominada por áreas de proteção ambiental e é para onde Blumenau não pode crescer. A segunda área, de consolidação, reúne os bairros de maior urbanização, como Centro, Victor Konder e Vila Nova.

Já a região Norte foi destinada ao crescimento urbano da cidade. A diretora de planejamento urbano da Seplan, Vera Regina Krummenauer, explica que a secretaria e a Faema estão detalhando as áreas verdes que deverão ser preservadas dentro da cidade. Novos loteamentos que surgirem nas Itoupavas deverão seguir as novas regras.

- A revisão do plano diretor, aprovado em dezembro do ano passado, decidiu pela intensificação da preservação do meio ambiente. É assim que nós iremos fazer o novo código de zoneamento urbano - explica Vera.

O detalhamento das áreas de preservação ambiental complementará o mapa de zoneamento que define as regiões para onde Blumenau pode crescer sem atacar o meio ambiente.

( giovanni.ramos@santa.com.br )
 

Serviço
Para denunciar desmatamentos - Ligue para a Polícia Ambiental: 3336-3175 ou 190.

Centro está entre as áreas consolidadas no crescimento
Foto(s): Artur Moser/Santa

Faema quer construir parque na Itoupava Central

O desenvolvimento sustentável na região das Itoupavas pode ganhar um parque de lazer arborizado. O projeto é da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema), que já transformou um terreno de 30 hectares, no início do bairro, em área de preservação.

O presidente da Faema, Jorge Müller, afirma também que uma área de 16 hectares no Bairro Salto foi transformado em unidade de conservação. Para Müller, faltam bosques dentro da cidade e as leis ambientais precisam ser cumpridas.

- Não adianta expandir as áreas de preservação se os responsáveis por destruição de florestas e invasões de morros não são punidos - reclama.

Região ganha área verde maior que Camboriú

A tese de doutorado do engenheiro florestal Alexander Vibrans, sobre a cobertura florestal na Bacia do Itajaí, concluiu que a mata recuperou 24,6% do território da bacia durante os 14 anos de pesquisa.

Na subbacia de Blumenau, que abrange 10 municípios, a vegetação cresceu 248 quilômetros quadrados - o que equivale a uma área maior que a do município de Camboriú, que tem 214,5 quilômetros quadrados.

Segundo Vibrans, o crescimento da vegetação ocorreu principalmente devido ao êxodo rural no Vale do Itajaí. Ele explica que as atividades agrícolas diminuíram desde a segunda metade do século 20 e, com o abandono das fazendas, o mato tomou conta dos terrenos, principalmente nos morros.

A doutora em Ecologia Florestal Lúcia Sevegnani lembra que o crescimento do número de prédios evitou uma maior expansão urbana nas últimas décadas.

- A urbanização foi também vertical. Por isso não ocupamos tanto espaço com o crescimento - explica.

Território blumenauense tem 61% de cobertura vegetal

O crescimento fez com que a vegetação tomasse 61% de todo o território de Blumenau. Mas Vibrans alerta que o fenômeno registrado entre 1986 e 2000 não deve mais ocorrer, já que o êxodo rural de hoje é pequeno.

- A área rural está sob controle, o problema está no meio urbano. Se continuar a poluição da mata ciliar e dos ribeirões, a destruição de áreas verdes nos loteamentos e o crescimento desenfreado da cidade, podemos perder aquilo que a natureza recuperou - afirma.


 



Jornal de Santa Catarina