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Retomado projeto de hidrelétrica na Serra Dona Francisca



Marco Aurélio Braga

Depois de quase 10 anos, a velha discussão sobre a viabilidade da construção da Usina Hidrelétrica do Cubatão está reacesa. A obra emperrou em problemas ambientais e na mobilização de entidades de defesa do meio ambiente em Joinville. A proposta foi desengavetada pelo governador Luiz Henrique da Silveira, que garantiu, na reunião de segunda-feira da Associação Empresarial de Joinville (Acij), que o projeto, desta vez, sai do papel. Esta possibilidade causou surpresa e indignação nos ambientalistas.
No final da década passada a proposta de construção de uma usina hidrelétrica no salto do rio Cubatão mobilizou a classe política de Joinville.
A Usina Hidrelétrica é um antigo sonho do governo do Estado, especificamente da Celesc, uma das parceiras do empreendimento, que conta também as empresas Inepar e Desenvix, que formam o consórcio Cubatão S.A. Há 15 anos, a idéia é construí-la para ter uma capacidade de gerar 50 mega watz de energia, o que daria para abastecer uma cidade de 300 mil habitantes.
O ápice da discussão ocorreu somente em 1998. Grupos ambientais, liderados pelo SOS Cubatão, mobilizaram a sociedade chamando a atenção para os problemas ambientais que poderiam ser causados numa regiões repleta de espécies com risco de extinção e de mata atlântica ainda preservada. Além disso, o salto do Cubatão, uma queda de água de 300 metros de altura, é apontado como um ponto a ser explorado para o turismo.
O então prefeito Luiz Henrique da Silveira sempre defendeu a tese de que a hidrelétrica era importante para região.Procurado neste ano pelo consórcio Cubatão S.A., Luiz Henrique se empolgou com a possibilidade de retomada do projeto e lançou o desafio na reunião com empresários. “Vai ser um grande empreendimento. Será muito importante para Joinville e região, pois produzirá a energia que a cidade precisa. O projeto tem tudo para dar certo e vamos lutar para que isso aconteça. Além disso, o empreendimento servirá para desenvolver o setor turístico joinvilense”, discursou.
A Celesc também está a frente do projeto. Para o diretor técnico, Eduardo Sitônio, a usina será importante como um reforço para cidades de grande consumo de energia. “A energia desta usina vai para o sistema da Celesc, mas é claro que cidades com grandes consumo, como Joinville, serão beneficiadas diretamente”, explica.

marco.braga@an.com.br

Os problemas, segundo os ambientalistas

Abastecimento de água ficaria comprometido com início das obras.

Da capacidade total de geração (50 mw), 22,5 mw serão ligados na rede nacional de transmissão de energia. Os joinvilenses ficariam com apenas 0,45 mw.

Problemas para o consumo das águas do Cubatão, que corresponde a 70% do abastecimento da cidade.

Com a criação do lago da usina, a biodiversidade da serra Dona Francisca sofreria sérios riscos. Existem no local 37 espécies de animais em extinção.

O lago poderá causar o rompimento da barragem e causar problemas para os bairros de Pirabeiraba, Quiriri, Jardim Paraíso, Jardim Kelly, Jardim Sofia e Aventureiro.

Ambientalistas prometem reeditar protesto

Os ambientalistas prometeram lutar - na Justiça, se for preciso - para impedir a construção da Usina Hidrelétrica do Cubatão. No entanto, admitem que terá de haver uma mobilização de toda sociedade de Joinville. “Reconheço que hoje as entidades ambientais estão mais enfraquecidas porque não houve renovação no quadro”, diz Sérgio Dall´acqua, diretor da Aprema, uma entidade que há 30 anos defende as causas do meio ambiente.
 
Os mesmos ambientalistas que há 10 anos lutavam contra a construção da Usina ainda estão a frente de suas entidades. A Aprema promete entrar de cabeça na defesa pela preservação do salto do Cubatão. “Os argumentos para a construção são frágeis. Como energia elétrica, 50 mega watz é muito pouco para Joinville. Como abastecimento de água, então, é ridículo. Não vamos aceitar isso pacificamente”, promete.

Segundo Ronaldo de Carvalho, diretor da Desenvix, o projeto ainda está em reestudos, mas garante não haverá mais problemas ambientais. “Solicitaremos uma nova licença ambiental. Hoje, o projeto não derrubará a Mata Atlântica. É um usina que deverá receber selo verde por ser ecologicamente correta”, explica. Carvalho ratificou que o consórcio Cubatão S.A. irá promover um amplo debate com a sociedade joinvilense. (MAB)


A Notícia - 07/03/2007