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Água dos ribeirões de Blumenau está poluída



Uma pesquisa desenvolvida pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema) de janeiro a dezembro do ano passado mostra que a qualidade da água do rio Itajaí-Açu e dos cinco maiores ribeirões da cidade está aquém do estabelecido pela legislação. A autarquia, em parceria com o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), faz mensalmente (desde 1997) uma coleta de água em 18 pontos fixos dos ribeirões e do rio Itajaí-Açu para verificar a qualidade dos mesmos, já que juntos eles abastecem quase todo município. A análise é feita pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Blumenau (IPTB), da Universidade Regional de Blumenau (Furb).

De acordo com o levantamento, nenhum deles ficou dentro dos parâmetros estabelecidos pela Resolução nº 357/05, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), no que diz respeito à quantidade de coliformes fecais. A legislação estabelece que o índice de coliformes fecais deve atingir, no máximo, 1 mil NPM (unidade de medida utilizada). No entanto, o rio Itajaí-Açu, principal da região, atingiu a marca de 3.760 NPM, três vezes mais que o permitido. Os ribeirões Fortaleza e da Velha, que cortam dois dos maiores bairros da cidade, superaram a média permitida em mais de 30 vezes, 35.645 e 30.579 NPMs, respectivamente.

“Diante disso, podemos dizer que a qualidade da nossa água está comprometida”, afirma Rosalene Zumach, diretora de monitoramento e controle da poluição da Faema, ressaltando que mesmo após o tratamento, a qualidade da água consumida pela população não é a ideal. Os números do primeiro trimestre de 2007 ainda não foram tabulados pela Faema.

Crise reflete falta de conscientização dos setores público e privado
Para Rosalene Zumach, diretora de monitoramento e controle da poluição da Faema, a qualidade da água piora devido a problemas como o crescimento populacional, a ocupação desordenada de algumas áreas e a falta de saneamento básico. Ela acredita que o quadro pode ser revertido, desde que a população crie consciência. “Muitas pessoas creditam a poluição da água às empresas, no entanto, a parcela delas é mínima”, assegura Rosalene.

Renato Jung, presidente da Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena), diz que os índices apontados pela pesquisa refletem o descaso da população, mas também do poder público com os cuidados ambientais na cidade. “Quase todos tem os conhecimentos teóricos de ações para a preservação da natureza, mas não os colocam em prática”, dispara Jung, criticando a estagnação do saneamento básico em Blumenau (2%).

O gerente da Vigilância Sanitária e Ambiental de Blumenau, Marcelo Schaefer, lamenta o fato de Blumenau não contar com uma legislação que melhore esse panorama, já que atualmente não se exige a instalação de fossa e filtro dimensionada para expedir o Habite-se, documento que atesta que o imóvel foi construído seguindo as exigências estabelecidas pela prefeitura. “A solução para esse problema é política. Além da alteração na lei, é necessário aumentar a rede coletora de esgoto em toda a cidade”, diz Schaefer, ressaltando que além dos mananciais, 97% dos poços artesianos abertos pela comunidade também estão contaminados.



Folha de Blumenau - 11 a 13 de abril de 2007