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Moeda Verde: Delegada deve solicitar a preventiva



Apenas quatro dos 19 presos na quinta-feira passada sob suspeita de envolvimento com a comercialização de licenças ambientais continuam na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Florianópolis. A delegada Júlia Vergara indicou a possibilidade de pedir a prisão preventiva dos suspeitos hoje, último dia do prazo para entrar com a solicitação.

Na tarde de ontem, o empresário Carlos Amastha, ex-dono do Floripa Shopping, depôs na instituição. Sábado, cerca de 200 pessoas se agruparam em frente ao prédio da PF, na Avenida Beira-Mar Norte, em uma manifestação de apoio às investigações.

O vereador Juarez Silveira e o secretário da Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp), Renato Joceli de Souza,são os que permanecem na carceragem da PF, na Capital, junto com Rubens Bazzo, funcionário da Susp, e André Luiz Dadam, que ocupava um cargo comissionado na Fatma. Ambos foram transferidos para a PF no sábado.

Carlos Amastha chegou à sede da PF por volta das 15h e saiu às 18h. De acordo com ele, que não considerou um depoimento, mas declarações voluntárias, já que não foi chamado pela polícia, a Operação Moeda Verde, que é responsável pelas prisões, significa uma "oportunidade de passar a cidade a limpo".

- Vim esclarecer alguns fatos, pois há dois anos fiz denúncias que, de alguma maneira, podem se relacionar com os últimos acontecimentos - explicou.

O empresário aproveitou para dizer que o Floripa Shopping, empreendimento construído sob sua responsabilidade, não deve nada para a Justiça e considerou os termos de ajustamento de conduta "uma hipocrisia", por não satisfazer as exigências ambientais.

Com relação ao vereador licenciado e presidente da Santur Marcílio Ávila, único que ainda não se apresentou à polícia, Amastha disse que é seu amigo pessoal e uma pessoa "das melhores".

Ainda no sábado, foram liberados Aurélio Paladini, Rodrigo Bazzo, Hélio Chevaria, Péricles de Freitas Druck, Fernando Soledade, Itanoir Cláudio, Marcelo Vieira Nascimento, Francisco Rzatki e Paulo Cezar Maciel da Silva, que não chegou a ser detido, prestando depoimento apenas.

Advogado nega a compra de licenças
FELIPE PEREIRA

O advogado Aroldo Camillo, que defende o dono do Costão do Santinho, Fernando Marcondes de Mattos, garantiu que o cliente ligou para funcionários de órgãos públicos somente para pedir agilização de processos, e nunca para negociar a compra de licenças ambientais.

Camillo disse que há 20 anos o empresário é amigo do vereador Juarez Silveira, apontado como líder do suposto esquema de comercialização de alvarás. O advogado afirmou que o cliente está tranqüilo e não existe nada contra ele.

De acordo com Camillo, Marcondes prestou depoimento durante cinco horas, assim que chegou no prédio da Polícia Federal, na Capital, na quinta-feira. Foram feitas cerca de 90 perguntas referentes ao conteúdo de gravações telefônicas. Depois de ser ouvido, o empresário foi levado para a sala de custódia da Polícia Federal, onde permaneceu por 36 horas.

O advogado afirmou que seu cliente reclamou ter sofrido um "estrago violento" na sua imagem. Camillo disse que se no final da Operação Moeda Verde nada for provado contra o dono do Costão do Santinho vai estudar a possibilidade de procurar medidas reparatórias.

Ontem à tarde, Marcondes se reuniu com a equipe de marketing para avaliar quais estratégias deve adotar. Depois das 19h, o empresário foi até a Casa D'Agronômica, residência oficial do governador, participar de um jantar.

Na quinta-feira, dia em que foi preso, o empresário estava fazendo a caminhada matinal quando os policiais federais chegaram ao Costão do Santinho.

"Foco da investigação são servidores públicos"
Entrevista: Paulo Cezar Maciel da Silva, Sócio-proprietário do Shopping Iguatemi

O sócio-proprietário do shopping Iguatemi, Paulo Cezar Maciel da Silva, respondeu algumas perguntas repassadas ao advogado de defesa Tullo Cavallazzi Filho.

Ele negou participação em qualquer esquema de comercialização de licenças ambientais e garantiu que o foco das investigações são funcionários públicos. O empresário não demonstrou surpresa na contestação da legalidade do seu empreendimento e acusou um concorrente de patrocinar ações contra ele.

Diário Catarinense - O senhor teve prisão temporária pedida pela Justiça. Como se sentiu diante desse constrangimento?

Paulo Cezar da Silva
- Surpreso, pois nunca houve nada em minha trajetória que justificasse a minha inclusão em operação dessa natureza. Mas fiquei satisfeito por poder prestar todos os esclarecimentos necessários e aguardo tranqüilo a posição do Judiciário.

DC - Quais as acusações da Polícia Federal contra o senhor?

Paulo Cezar -
Soube que o foco das acusações são os servidores e órgãos públicos. Verifiquei apenas menções ao shopping construído pela minha empresa, que foi alvo de diversas ações contra o empreendimento, a maioria movida por um concorrente meu, mas nenhuma acolhida pela Justiça.

DC - O senhor e seu advogado traçaram estratégia de defesa?

Paulo Cezar -
Compareci espontaneamente à Polícia Federal e apresentei todas as informações necessárias, sendo em seguida liberado. Continuarei colaborando para a elucidação dos fatos.

DC - Algum funcionário de órgãos ambientais estaduais ou municipais exigiu dinheiro para conceder licenças?

Paulo Cezar -
Não, nunca.

DC - De acordo com a Polícia Federal, a arquiteta Margarida Milani de Quadros confirmou pagamento de R$ 20 mil para um funcionário de um órgão ambiental. Qual o seu posicionamento diante dessa acusação?

Paulo Cezar -
Essa interpretação não condiz com o que ela disse no depoimento. Nossa empresa não pagou qualquer valor a funcionário público. Tenho certeza de que, no curso das investigações, essa questão será devidamente esclarecida.

DC - Outra acusação seria a de que o senhor deu um Peugeot 307 para o vereador Juarez Silveira. O que o senhor tem a falar sobre essa acusação?

Paulo Cezar
- Primeiramente quero esclarecer que não fui acusado, pois apenas estão sendo investigados fatos. Não é verdadeira a afirmação de que eu teria dado esse veículo ao vereador Juarez.

DC - Qual sua relação com os apontados como líderes do suposto esquema, Juarez Silveira e Renato Juceli de Souza?

Paulo Cezar -
Tenho amizade com o vereador Juarez Silveira e conheço apenas funcionalmente o senhor Renato Joceli de Souza.




Diário Catarinense