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Emissões de CO2



Um grupo de pesquisadores americanos, britânicos, australianos e franceses coletou dados de duas fontes do governo norte-americano - o Centro de Análises de informações sobre o Dióxido de Carbono (CDIAC) e a Administração de Informações sobre Energia (EIA) - e compararam com os do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC). A conclusão foi que o mundo está caminhando para trás, mesmo com toda a publicidade de empresas que anunciam tomar ações para reverter o problema.

“Apesar do consenso científico de que as emissões de carbono estão afetando o clima do planeta, nós não vemos evidências de progresso no gerenciamento das emissões tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Em muitas partes do mundo, nós estamos regredindo”, afirmou um dos autores, Chris Field, que é diretor do Departamento de Ecologia Global do Instituto Carnegie.

Enquanto que nos anos 90 a média de aumento anual era de 1,1%, entre 2000 e 2004 foi registrado 3,1% ao ano. O time liderado por Michael Raupach, da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade da Austrália , examinou as mudanças entre 1980 e 2004 de fatores como a população, crescimento econômico, eficiência energética e de carbono (quantidade usada por unidade do PIB). Com base nestas comparações, eles puderam determinar porque as emissões de CO2 dispararam depois de 2000.

No documento, publicado no jornal “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), os cientistas dizem que o crescimento acelerado foi maior por causa de um aumento da intensidade de atividades econômicas e da população.

A pesquisa notou ainda uma reversão do movimento em direção a uma maior eficiência energética e trabalho com baixas emissões de carbono, como visto em 1990. “Nós não estamos mais eficientes no uso de CO2 como projetávamos”, explicou outra autora Corinne Le Quére da Universidade de East Anglia no Reino Unido.

De 1970 até 1990, o mundo como um todo tornou-se melhor no aumento da produção energética com a mesma quantidade de emissões e no crescimento do PIB com menos energia. Porém em 2000 este quadro se reverteu. “O movimento relacionando energia e crescimento econômico esta definitivamente indo na direção errada”, disse Field.

De olho nos países em desenvolvimento - Por trás do estudo, os pesquisadores descobriram que a aceleração das emissões de CO2 é maior na expansão econômica dos países em desenvolvimento, particularmente a China.

Em 2004, 73% do crescimento das emissões globais vinham das economias em desenvolvimento, que compreendem 80% da população do mundo. No entanto, quando os cientistas observaram o total de emissões por ano, descobriram que os países desenvolvidos, incluindo a ex-União Soviética, contribuem com 60%.

Os mesmos países são os responsáveis por 77% das emissões de CO2 desde o início da revolução industrial. Em 2004 os países em desenvolvimento respondiam por 41% do total de emissões.

Field disse que para administrar as emissões enquanto as economias crescem, os países deveriam procurar meios de reduzir o uso intensivo de energia nas indústrias e a intensidade de carbono na cadeia energética.

Segundo o diretor do Centro de Pesquisas em Mudanças Climáticas de Tyndall no Reino Unido, Mike Hulme, os resultados “mudam o foco do processo que está em curso no momento para criar um novo regime climático para além de 2012”, quando o Protocolo de Kyoto expira. Hulme diz que concluir que Kyoto falhou seria uma “análise muito crua”.

“Existem alguns sucessos de Kyoto, como o fato de que existe um regime climático internacional, um sistema de comércio de emissões em funcionamento e um mercado de neutralização de carbono nos países em desenvolvimento. Kyoto fez o primeiro progresso, agora temos que aprender com o que funcionou. Um tratado pós-Kyoto não será mais do mesmo”, afirmou.


Aumento foi muito maior que o pior cenário do IPCC
CarbonoBrasil