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Aqüífero Guarani está com 10% da área contaminada



A maior reserva de água doce do mundo está com 10% da área contaminada. Esta é a realidade do Aqüífero Guarani, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados, o equivalente a 12 vezes o tamanho do Estado de Santa Catarina. Com 70% da extensão no Brasil, incluindo principalmente, os três Estados do Sul, a porcentagem de poluição imediata é preocupante, de acordo com o especialista em direito de águas subterrâneas e mestre em direito ambiental pela União Européia, Álvaro Sanchez Bravo.

O espanhol, de Sevilha, esteve na Capital, na última segunda-feira, para repassar a experiência das água subterrâneas na Europa aos professores e mestres da área, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Integrante da pesquisa de proteção e uso sustentável do Sistema Integrado Aqüífero Guarani-Serra Geral, este último de rochas, em cima do aqüífero e praticamente com todo o 1 milhão de quilômetros quadrados em situação de risco, ele chamou a atenção para a problemática região Oeste do Estado, com a criação de suínos.

- É um absurdo destruir o ambiente para alavancar a economia do Santa Catarina como acontece no Oeste, com a poluição da Bacia do Rio do Peixe - diz.

Em entrevista exclusiva concedida ao DC, ele destaca a situação do Aqüífero Guarani, que além do Brasil, integra, Argentina, Paraguai e Uruguai, sem deixar de ressaltar o modelo de projeto, em fase de implantação, na Europa, para conscientização do uso da água potável. Ainda antecipa que, em outubro, pesquisadores brasileiros vão estar em Sevilha para apresentar o megaprojeto, de caráter interdisciplinar e multiinstitucional que prevê pesquisas para proteção e uso sustentável do Sistema Integrado Aqüífero Guarani-Serra Geral.

DC - Como a União Européia trabalha para a despoluição das águas. Os rios estão muito poluídos?

Sanchez - Este quadro está sendo mudado desde 2000. Antes, cada país tinha a sua própria política. Agora tudo foi integrado. Os rios atravessam várias áreas, daí a importância da união. A poluição é muito forte. Mas todas as medidas ambientais estão sendo encaminhadas para mudar este quadro. Por isso, está sendo feito um forte investimento.

DC - Quais rios já estão neste processo?

Sanchez - O Rio Rin, maior e mais limpo de toda a Alemanha, e o Danúbio, o segundo mais longo da Europa depois do Volga. Há programas lá bons para despoluição que inclui a eliminação de metais pesado.

DC - Como é feita a despoluição?

Sanchez - Estamos em fase de testes com plantas, capazes de resgatar substâncias poluentes que chegam a devolver oxigênio para as águas. Na Espanha, a mata ciliar acompanha o leito dos rios. Nossa preocupação é garantir todo o ecossistema. Mas a prioridade está na conservação do meio e restauração. As pessoas estão cientes do valor ecológico.

DC - Como são gerenciadas as águas subterrâneas da União Européia?

Sanchez - As águas são gerenciadas através de comitês das confederações hidrográficas que encaminham a regulamentação de áreas preservadas. Há zonas demarcadas para conservação e outras para prevenção.

DC - Há educação ambiental no Brasil?

Sanchez - Não. Os rios não são vistos com valor ecológico. Um grande exemplo é o Tietê, em São Paulo. Falta mecanismo de controle, mas tem muita falta de consciência da sociedade. A primeira política de emergência é um investimento em saneamento público gratuito. A segunda é a educação do próprio cidadão. A água precisa ser preservada para ser usada racionalmente.


Entrevista: Álvaro Sanches Bravo, Mestre em direito ambiental pela União Européia
Diário Catarinense