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[ACAPRENA] Pesquisas registram biodiversidade em Luís Alves



Pesquisa, conscientização e preservação são ações que estão intimamente ligadas ao meio ambiente. Em Luís Alves, uma equipe de jovens pesquisadores, estudantes e profissionais, decidiu unir conhecimento e prática numa pesquisa a campo atrás das riquezas naturais de um ambiente ainda desconhecido pelos próprios moradores. O local escolhido foi a localidade de Braço Paula Ramos.

Coordenados pela Associação Catarinense de Preservação da Natureza (ACAPRENA) e patrocinados pela Cresol Luís Alves e pelo Angeloni de Blumenau, os pesquisadores realizaram durante um ano o Diagnóstico Socioambiental e Biodiversidade do Braço Paula Ramos. A pesquisa terminou em julho deste ano e os pesquisadores estão finalizando os relatórios das equipes de trabalho para fazer a apresentação dos resultados a parceiros, patrocinadores e comunidade local.

Boa parte dos resultados, porém, já podem ser comemorados pelos pesquisadores. Segundo uma das coordenadoras do trabalho, Fabiana Dallacorte, já nas primeiras coletas de dados, foram muitas surpresas e a constatação de que a biodiversidade do Braço Paula Ramos é surpreendente e a área de floresta é muito bem cuidada por seus moradores.

Descobertas

De acordo com técnico agrícola, biólogo e um dos pesquisadores, Eder Caglioni, o que já se sabe é que foram identificadas cerca de 170 espécies de aves, alguma endêmicas, e  muitas outras espécies de animais e plantas. “Para as pesquisas, nos dividimos em grupos de trabalho, entre eles os que estudavam morcegos, roedores, mamíferos de médio e grande porte, herpetofauna (répteis e anfíbios), aves, vegetação e o grupo socioambiental. Todos focados num diagnóstico bem amplo do local”, destacou Eder Caglioni.

Parte do resultado do trabalho também já foi divulgado em artigos científicos inscritos e aprovados em congressos, além do Trabalho de Conclusão de Curso do estudante Josias Alan Rezini. “No trabalho do Josias, o foco foram os registros dos mamíferos de grande e médio porte da localidade, na verdade, o que tinha motivado toda a pesquisa”, lembrou o recém formado biólogo Eder.

No trabalho de pesquisa desenvolvido através do uso de máquinas com sensor fotográfico, por exemplo, foram registradas no Braço Paula Ramos dez espécies de médios e grandes mamíferos, dentre eles o gato-maracajá (Leopardus wiedi), do gato-do-mato-comum (Leopardus tigrinus) e da irara (Eira barbara). “Estes dois gatos-do-mato estão na lista de espécies ameaçadas de extinção do IBAMA e correm o risco de desaparecer caso as florestas sejam destruídas. Por isso comemoramos bastante a pesquisa e a possibilidade de uma campanha de conscientização da comunidade para preservar esse ambiente riquíssimo”, destaca o pesquisador Eder, entusiasmado. Eder é também morador da localidade pesquisada e foi um dos coordenadores do “acampamento” dos pesquisadores realizado no último ano, a cada dois meses.

Sefgundo Fabiana Dallacorte, uma equipe também visitou moradores para um “bate-papo” sobre a percepção deles perante a natureza e através destes dados será feito um mapa sócio ambiental da área. “A plena integração entre o conhecimento técnico-científico e o conhecimento popular é um dos fortes instrumentos para se promover uma participação efeiva na conservação de àreas ameaçadas como a Floresta Atlântica”, destacou.

De acordo como biólogo Eder, a pesquisa ainda revelou detalhes como a grande quantidade de cutias e a inexistência de registros fotográficos de predadores maiores, como a jaguatirica, o que pode demonstrar um certo desequilíbrio que deve ser avaliado e estudado. “O certo é que a pesquisa nos mostrou que esta é uma área muito relevante para a conservação de muitas espécies e precisa ser altamente preservada”, lembra o jovem pesquisador.

Educação Ambiental

Como parte desta conscientização ambiental na comunidade do Braço Paula Ramos e região, o pesquisador Josias Rezini já está convocado para uma palestra na Semana de Educação Ambiental que será promovida nos próximos meses pelo Projeto Microbacias 2 em Luís Alves. A palestra acontecerá no Ginásio do Serafim, para estudantes de pré-escola a 4ª séries das comunidades do Máximo e Serafim.

Este será um dos trabalhos de retorno da pesquisa para a comunidade. “Vamos apresentar os resultados também na Acaprena, na Cresol, par ao Angeloni, que foram patrocinadores muito importantes para a pesquisa, e ainda na comunidade. Vamos avaliar formas de transformar a pesquisa em objeto de conscientização ambiental e preservação da área pesquisada, como uma cartilha, por exemplo. Essa é a grande meta de toda pesquisa”, finalizou Eder Caglioni.



Jornal do Comércio