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Brasil, Bolívia e Chile criam corredor bioceânico



Bolívia, Brasil e Chile lançaram no domingo (16) um ambicioso projeto de corredor entre os oceanos Atlântico e Pacífico, em uma decisão que parece reafirmar o reconhecimento externo do presidente boliviano, Evo Morales, que vive um confronto com a oposição conservadora do seu país.

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da chilena Michelle Bachelet foi acompanhada de anúncios de investimentos e promessas de cooperação, apenas um dia depois de quatro Departamentos bolivianos proclamarem sua autonomia, em um duro desafio a Morales.

Estão previstos investimentos de 604 milhões de dólares para completar até 2009 as obras de um corredor de mais de 4.000 quilômetros. O projeto também tem importância política, já que a Bolívia não mantém relações diplomáticas com o Chile e teve atritos recentes com o Brasil devido à questão do gás.

Lula disse que o impulso final ao corredor, que já está 75 por cento pronto, mostra que os três líderes "não estão dispostos a perder mais tempo para solucionar algumas das deficiências históricas da nossa região".

Para a presidente chilena, "este é um projeto concreto e de grande importância para o processo de integração da América do Sul".

"É muito mais que uma estrada, é uma visão sobre o futuro da nossa região", disse ela.

Cerca de 379 milhões de dólares, pouco mais de 60 por cento do total anunciado, devem ser investidos em estradas na Bolívia. O resto será repartido para projetos em execução nos trechos chilenos e brasileiros.

Morales, que tenta promover uma "revolução democrática cultural", ferozmente rejeitada pela direita local, destacou o apoio e a amizade dos visitantes, a quem tratou várias vezes como "irmãos".

"Antes era difícil estar em contato permanente com a irmã República do Chile; quero agradecer à companheira presidente Bachelet, até agora criamos uma grande confiança entre dois povos", afirmou Morales.

Os dois países romperam relações em 1978, como resultado de décadas de reivindicações da Bolívia para que o Chile devolva seu acesso ao Pacífico, tomado em uma guerra no século 19.

Visitas de presidentes chilenos à Bolívia são raras nas últimas décadas, mas os atuais líderes dos dois países vêm promovendo uma aproximação desde que assumiram seus cargos, no ano passado.


Estadão Online