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Projeto em SC arregimenta “ecovoluntários” e oferece vagas



Neide Campos / AmbienteBrasil

Se desfrutar a natureza para você é caminhar na praia, curtir paisagens serranas e visitar parques, precisa conhecer o trabalho dos ecovoluntários, pessoas que, por um período mínimo de duas semanas, ajudam pesquisadores em suas atividades diárias.

O Instituto Ekko Brasil, fundado em 2004, é uma das organizações que recebe  voluntários. Desenvolve mais de 40 projetos de pesquisa e precisa constantemente desse tipo de ajuda. O trabalho é sério e os candidatos devem preencher alguns requisitos, como idade mínima de 18 anos e ter disposição para caminhar e explorar a região. O Projeto também aceita estagiários em varias áreas, como Oceanografia, Veterinária, Administração, Direito e Biologia.  
Não há necessidade de formação específica para agregar-se.

O ecovoluntário pode tratar de animais, fazer o serviço de manutenção em um centro de resgate de vida selvagem, fazer trabalho de educação ambiental com a população local e turistas, ajudar os pesquisadores enquanto eles registram comportamento animal, entre outras atividades. Estudantes podem desenvolver seus próprios projetos de pesquisa.

Os pacotes de participação geralmente incluem acomodação básica, com casas coletivas ou até mesmo em barracas. Para manter o custo baixo, alguns projetos não incluem a alimentação. A viagem até Florianópolis não está incluída nos pacotes. Todos os contratos são feitos através do Ecovolunteer Program.

Projetos

O Instituto Ekko Brasil nasceu para gerir o Projeto Lontra, iniciado em 1986 em Santa Catarina. Em 1992, a ONG holandesa Ecovolunteer Program, que trabalha com turismo sustentável/responsável, firmou parceria com a Ekko Brasil. Outras empresas européias e norte americanas também se interessaram pelos trabalhos de conservação com espécies ameaçadas desenvolvidos pelo Projeto Lontra. “A partir daí nasceu a idéia de se criar a ONG de forma a administrar os recursos recebidos e expandir os trabalhos desenvolvidos até então”, explica a AmbienteBrasil Oldemar Carvalho Jr, consultor de Projetos e Pesquisas da Ekko Brasil.

A ONG cresceu e hoje desenvolve os projetos Lontra (The South American River Otter), Tucano (The Read Breasted Toucan), Cavalo Marinho (Sea Horse), o Programa de Turismo Sustentável para a Bacia do Rio Itajaí das Nascentes à Foz, o Pró-Lontrinha (de educação ambiental), e o de Indicadores da
Biodiversidade na Área da Unidade Industrial da Vega do Sul. “Na verdade, estes são mais Programas do que Projetos, cada um abrigando vários sub-projetos de conservação e de pesquisa pura, relacionados com campos de estudo diversos como: aspectos sociais e comunitários, educação ambiental, fluxo energético em ecossistemas, inventários faunísticos, análise de dieta e distribuição de lontras, entre outros”, diz Carvalho Jr.

O Projeto Lontra possui um centro de recuperação para reabilitação de indivíduos doentes, machucados e órfãos. O Ibama recentemente licenciou o projeto como criadouro científico para as espécies  Lontra longicaudis (lontra) e Eira barbara (irara).

Educação ambiental

A participação da comunidade é indispensável no desenvolvimento dos projetos, porém o instituto acredita que a comunidade tem que ser consciente de seu papel na preservação das espécies e no turismo responsável e não apenas ser assistida pelos recursos provenientes dos projetos. Para isso, o instituto usa o turismo responsável para explicar a importância da preservação das espécies e seu habitat e usa a cultura e a tradição local como atrativos turísticos. Os moradores das regiões de estudo aprendem que a preservação das espécies pode trazer retorno também financeiro.

Para o público infantil, O Instituto Ekko Brasil mantém o “Pró-Lontrinha School”, voltado à educação ambiental de crianças da pré-escola e ensino médio. O Pró-Lontrinha é desenvolvido através de várias atividades como palestra em escolas ou “aulas verdes” realizadas na base do Projeto.  

“Na Escola Comunitária da Lagoa do Peri, mantida pela Associação dos Moradores da Lagoa do Peri, o Projeto Lontra tem atuação significativa, contribuindo, por exemplo, para a manutenção e limpeza do pátio da escola, fornecendo três cestas básicas por mês para a cozinha da escola, além de atividades praticas com as crianças”, diz Carvalho Jr.

Recursos

O Instituto se mantém através de editais de pesquisa, de consultorias e do turismo responsável. Carvalho Jr. explica que os editais de pesquisa são os que financiam projetos na área, tais como FNMA, Fundação Boticário, Petrobrás Ambiental, entre outros. As consultorias são as realizadas para empresas privadas ou governamentais, tais como a Vega do Sul e a Secretaria do Turismo do Estado de SC. “Talvez o mais importante seja mesmo os recursos provenientes do Ecovolunteer Program. Estes recursos são captados em ‘mercado aberto’, ou seja, o cliente (ecovoluntário) escolhe o projeto de que deseja participar.”

Segundo Carvalho Jr, a presença do ecovoluntário obriga os pesquisadores a se relacionarem, a se preocuparem com a linguagem, com a transmissão da informação. “Cria-se assim um ambiente único e diferenciado de trabalho, com educação ambiental, exercício da cidadania, altruísmo e entrega no que se faz.”



Neide Campos / AmbienteBrasil