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Parque Nacional da Serra do Itajaí mais próximo da conclusão



BLUMENAU - Martim Molinari mora na localidade de Faxinal do Bebe desde o cinco anos, quando chegou no lombo de uma mula, acompanhado dos pais. Planejava viver a vida inteira na região e deixar o patrimônio construído para os filhos, assim como aconteceu com ele próprio. Quando o Parque Nacional da Serra do Itajaí foi criado, em 2004, os planos, no entanto, deram espaço a preocupações.

Porém, depois de resistir à idéia da instituição da unidade de conservação por ter de abandonar o local onde fez a vida, aderiu a proposta por enxergar nela uma necessidade de preservação para as futuras gerações.

- Meu medo era de que não seria indenizado. Agora, já estamos mais esclarecidos e aceitando melhor - confessa Molinari, mesmo admitindo que "vai ser difícil encontrar outro paraíso como aquele" para morar.

O exemplo do agricultor de 57 anos ilustra o processo de aceitação das 14 famílias que moram na área do parque. Agora, elas vislumbram um horizonte. A expectativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente - é de que todas as famílias que residem na área do parque nacional sejam indenizadas até o final deste ano. Já o plano de manejo precisa ser concluído até setembro para passar por aprovação do ICMBio.

Reunidos no Viena Park Hotel, lideranças comunitárias dos nove municípios envolvidos no projeto do parque, representantes das prefeituras, da Associação Catarinense de Proteção da Natureza (Acaprena) e de outros órgãos ligados ao meio ambiente, discutem as estratégias e ações para garantir a consolidação da unidade de proteção ambiental distribuída em 57 mil hectares.

Segundo o chefe do Parque Nacional da Serra do Itajaí, Fábio Faraco, o encontro desta semana em Blumenau é uma das etapas fundamentais para a elaboração do plano de manejo.

- A idéia de um parque nacional é gerar renda para a comunidade de entorno e os municípios - argumenta.

(
magali.moser@santa.com.br )

A proposta
O Parque Nacional compreende uma área de 57.374 hectares e altitudes de 80 a 1.039 metros, abrangendo nove municípios (Indaial, Blumenau, Botuverá, Gaspar, Vidal Ramos, Apiúna, Guabiruba, Ascurra e Presidente Nereu) e tem por principais objetivos:
- Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos
- Proteger e recuperar recursos hídricos e solo
- Proteger as espécies ameaçadas de extinção
- Incentivar atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental
- Promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico
- Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais
Fonte: Associação Catarinense de
Preservação da Natureza (Acaprena)

Área é a maior reserva de Mata Atlântica do Sul do país

A oficina de planejamento participativo começou quinta-feira e se estende até sábado com a participação de representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), de Brasília.

- O Parque Nacional da Serra do Itajaí é o maior fragmento de Mata Atlântica do Sul do país. O plano de manejo vai identificar as principais ameaças à área, diagnosticar as espécies, estabelecer os locais de visitação pública, etc. Vai ser um verdadeiro diagnóstico do parque, capaz de dar embasamento para seu planejamento - explica o representante da Coordenação do Bioma Mata Atlântica do ICMBio, Bernardo Brito.

- Foi muito difícil no começo. Eu nasci e me criei naquela região. Não aceitávamos o projeto. Mas depois de participar de tantas reuniões, percebi que poderia ser algo benéfico - reconhece o presidente da Associação de Moradores do Faxinal do Bebe, Jadir Molinari.



Famílias que moram na área do Parque da Serra do Itajaí devem ser indenizadas até dezembro
Jornal de Santa Catarina