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Um ribeirão aparece poluído a cada 3 dias em Blumenau (SC)



Blumenau - Mau cheiro, coloração escura, peixes mortos. A poluição no Ribeirão Branco, no Bairro Passo Manso, está longe de ser eliminada. A conclusão é da Vigilância Sanitária, após estudo que analisou as origens do esgoto doméstico despejado no local, na Rua Guilherme Poerner. Os exames, feitos em fevereiro, constataram que todo o efluente sanitário dos sistemas de tratamento das residências da rua é ligado à rede pluvial e depois lançado no córrego. Isso se repete com as casas da Rua Johann Hadlich, próximas à ponte do ribeirão.

O despejo de esgoto doméstico nesses locais, no entanto, não é exclusividade do Bairro Passo Manso. A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema) registra, no mínimo, 10 denúncias de poluição de córregos a cada mês. Praticamente todas estão ligadas à falta de saneamento básico adequado nas residências próximas.

- Muitas vezes, os mesmos moradores que reclamam da poluição são aqueles que despejam esgoto nos córregos. Falta conscientização da comunidade - afirma o presidente da Faema, Jorge Müller.

Segundo Müller, a instalação de fossas e filtros nas casas poderia amenizar o problema da poluição causada pelo esgoto em até 80%. Hoje, o córrego em piores condições é o Ribeirão Jararaca, no Bairro Vila Nova, que deságua no Ribeirão da Velha. Com pouca vazão de água, o mau cheiro e os dejetos do esgoto são visíveis nos períodos de seca, quando não há chuva para ajudar a diluir os resíduos.

- Ainda não temos rede coletora de esgoto separada da rede pluvial, ou seja, não existe saneamento básico na cidade. Por causa disso, os córregos, em diferentes partes de Blumenau, acabam sendo atingidos - explica o coordenador do Setor de Saneamento Básico e Zoonoses da Vigilância Sanitária, Valdecir José Argenton.

Atualmente, a rede de tratamento de esgoto em Blumenau cobre apenas 4% do município. A expectativa é de que com os investimentos previstos - cerca de R$ 41 milhões - , este percentual suba para 25% até 2011.

- Esta reportagem é uma sugestão do leitor José Melato. Participe também pelo telefone 3221-1555 ou pelo e-mail leitor@santa.com.br

Poluição pode causar doenças

A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema) registra os casos de poluição em ribeirões através de coletas de amostras que apontam o Índice de Qualidade da Água (IQA). Quando se trata de despejo de esgoto doméstico, porém, a notificação formal aos causadores é ineficiente, aponta o presidente do órgão, Jorge Müller:

- São famílias que vivem na mesma situação há 20 anos e nunca foram notificadas ou não se preocuparam em instalar fossa e filtro. É difícil obrigar que elas gastem R$ 2 mil pra fazer isso agora.

De acordo com o coordenador do Mestrado em Engenharia Ambiental da Furb, professor Adilson Pinheiro, o lançamento de esgoto nos ribeirões afeta diretamente a fauna, além dos moradores:

- A poluição prejudica o ecossistema, mas a saúde pública é a mais atingida. Estudos mostram que o investimento em saneamento retorna até cinco vezes mais em economia para a saúde.



Jornal de Santa Catarina