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Três novas reservas privadas protegem mais 14 mil ha no MS



Três Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) foram criadas no começo de agosto no Mato Grosso do Sul para proteger 14.280 mil hectares de ecossistemas e de espécies nativas. Agora o estado tem 37 RPPNs que protegem, no total, 128.199 mil hectares, sendo o segundo estado brasileiro em quantidade de áreas protegidas por terras privadas, ficando atrás do Mato Grosso, que possui de 170.980 mil hectares de reservas. A criação das RPPNs é fundamental para a conservação da biodiversidade, ainda mais em um estado como o Mato Grosso do Sul, onde 90% das terras pertencem a proprietários privados, explica Laércio Machado de Sousa, presidente da Associação dos Proprietários de RPPN do estado, a REPAMS.

Heitor Miraglia Herrera, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz e proprietário da recém-criada RPPN Alegria, com 1.128 hectares, localizada em Corumbá (MS), considera que as reservas privadas têm papel fundamental na manutenção da biodiversidade da região. “É visível a velocidade com que o homem vem modificando o ambiente natural. Por isso, decidi manter em minha propriedade uma área destinada para a conservação”, diz Herrera. A RPPN Alegria foi criada com recursos do primeiro Edital do Programa de Incentivo às RPPNs do Pantanal, lançado no ano de 2005 e que no início deste mês, a proposta de criação dessa RPPN foi aprovada pelo órgão ambiental do estado. Desenvolvido pela ONG Conservação Internacional (CI-Brasil) em parceria com a REPAMS, o programa, que este ano lançou seu terceiro edital, visa auxiliar proprietários rurais da bacia do Alto Paraguai na criação e na implementação de reservas particulares em suas propriedades.

O gerente do programa Cerrado-Pantanal da CI-Brasil, Sandro Menezes Silva, afirma que não é apenas a biodiversidade que ganha com as RPPNs, mas também o proprietário. “O reconhecimento da RPPN Alegria representa mais uma importante etapa na consolidação das reservas privadas no Mato Grosso do Sul uma vez que demonstra que a conservação da biodiversidade e a produção podem caminhar juntas para a proteção do Pantanal. As RPPNs são um bom exemplo de serviços ambientais que proprietários rurais podem prestar à sociedade”, afirma Menezes.

Segundo Albertina Maria de Oliveira, proprietária da RPPN Duas Pedras, de 152 hectares, localizada em Bandeirantes (MS), a criação de uma RPPN mostra como é possível aliar preservação e desenvolvimento. “Acredito que minha atitude pode ajudar a manter amostras de plantas e de animais para meus netos e, conseqüentemente, para o futuro da humanidade”, diz Oliveira.

Sousa, presidente da REPAMS, afirma que a disposição dos proprietários rurais em contribuir para a proteção da biodiversidade pode ser incentivada e orientada por associações como a REPAMS, que oferecem tanto apoio financeiro como técnico para a criação de reservas privadas. Em cinco anos de atividades, a REPAMS ajudou a criar 20 RPPNs no Mato Grosso do Sul por meio de apoio financeiro e técnico. “A criação de RPPNs não apenas contribui para a conservação da biodiversidade local, mas também possibilita ganhos em  qualidade ambiental nas próprias fazendas”, diz Sousa.

Iniciativa privada e conservação - Uma das três reservas privadas criadas neste mês é a RPPN Engenheiro Eliezer Batista, que pertence ao Grupo MMX. A reserva, localizada em Corumbá (MS), protege 13 mil hectares e foi criada com apoio técnico da ONG Instituto Homem Pantaneiro (IHP). Ângelo Rabelo, do IHP, explica que a ONG propôs a criação de uma área natural ao Grupo MMX com o objetivo de mostrar à empresa como ela poderia colaborar de maneira espontânea em ações de conservação, o que, conseqüentemente, contribuiria para sua credibilidade. “Esperamos que outros empreendedores apóiem causas relevantes para sociedade, como é o caso da proteção de ambientes de grande diversidade ecológica e que agora estão protegidos de forma perpétua pela RPPN EEB”, salienta Rabelo. Eike Batista, empresário e proprietário do Grupo MMX afirma que quer tornar a reserva um modelo para a participação da iniciativa privada no esforço de conservação do Pantanal. “Acredito que as empresas podem ir além de suas obrigações legais contribuindo com o ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade de maneira decisiva para a concretização de uma política nacional de proteção da natureza”, conclui.


Ascom Repams