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Dia Sem Carro



Blumenau - O editor de vídeo Clever Paulo Marx, 25 anos, acordou mais cedo do que o usual quinta-feira. Morador de Gaspar, ele trabalha há sete anos em Blumenau, em duas produtoras. Nos últimos dois anos, todas as manhãs, coloca o carro na estrada e dirige até a cidade vizinha, onde permanece até a noite. Quinta-feira, porém, Clever teve um dia diferente. Deixou o carro na garagem e se deslocou de ônibus e a pé.

A opção foi uma resposta a um desafio do Santa, proposto em lembrança ao Dia Sem Carro, promovido hoje em cidades de todo o Brasil. Organizado no município pela ABC Ciclovias, o evento pretende conscientizar a população sobre o uso racional de veículos, em combate ao aumento da poluição atmosférica e congestionamentos causados pelo número cada vez maior de automóveis nas ruas.

Sem o carro, Clever acordou às 7h30min e recebeu uma carona da namorada até o ponto de ônibus. Embarcou num coletivo da Viação Verde Vale às 8h05min, horário em que normalmente estaria acordando. O trajeto até Blumenau, que de carro é feito pelo jovem em cerca de 20 minutos, levou 45 minutos de ônibus. Em Blumenau, desceu na Rua Martin Luther e foi a pé até o trabalho, na Rua Camboriú, Bairro Victor Konder. Às 18h30min, encarou uma nova caminhada, até a Rua Hermann Baumgarten, para ir para o segundo trabalho.

Às 20h45min, na Rua 7 de Setembro, pegou um ônibus de volta para Gaspar. Desembarcou perto de casa e chegou na residência às 21h30min. Um pouco cansado pelo trajeto, mas são e salvo.

- Andamos de carro mais por uma questão cultural. É uma comodidade. Como estamos sempre correndo, por causa do trabalho, horários, é muito mais fácil usar o carro - afirma Clever.

( rafael.waltrick@santa.com.br )

Serviço
Dia Sem Carro - Hoje, das 7h às 20h, a Rua XV de Novembro estará fechada entre as ruas Paul Hering e John Kennedy para abrigar a programação do Dia Sem Carro. Se chover, as atividades ocorrerão no Galegão.

Fala, especialista
Blumenau está preparada para que as pessoas deixem o carro na garagem?
Não só Blumenau, mas a maioria das cidades brasileiras não está preparada para substituir o automóvel de forma eficaz. O transporte coletivo ainda não supre as necessidades de todos os trajetos que a pessoa faz durante o dia. É preciso criar alternativas viáveis, como linhas urbanas mais abrangentes, mais ciclovias. Tem que se dar condições, antes de pedir que se deixe o carro em casa.
Luiz Alberto de Souza, doutor em Planejamento Urbano

Hoje, o transporte coletivo está adequado para atender à demanda da população. Se não há obras na pista, acidente de trânsito ou outra interrupção, o ônibus cumpre o itinerário no horário. O que ocorre é que hoje, com qualquer atraso, mais pessoas chegam nos pontos e todos querem entrar no primeiro ônibus que aparece, mesmo sabendo que logo em seguida já vem outro. Assim, o veículo vai lotado e 10 minutos depois sobra espaço no próximo. Mesmo assim, é preciso buscar melhorar o deslocamento dos veículos e a solução, hoje, são os corredores exclusivos pra ônibus, que pretendemos implantar na cidade.
Rudolf Clebsch, presidente do Seterb

Hoje, já temos um bom trecho de ciclovias implantado na cidade. É uma alternativa para trazer mais segurança e conforto aos ciclistas e promover o uso da bicicleta. A intenção é continuar construindo mais ciclovias. Já em relação a quem quer se deslocar a pé, temos sérios problemas. Como o proprietário do imóvel é responsável pela construção da calçada, muitas vezes ele ignora isso ou faz de forma inadequada.
Vera Krummenauer, diretora de Planejamento Urbano de Blumenau

Carro é sinônimo de comodidade
Opinião
CLEVER PAULO MARX/ Editor de vídeo

Há dois anos utilizo o carro todos os dias, de segunda a sexta-feira, para me locomover. A maior dificuldade para utilizar o ônibus é a pouca disponibilidade de horários. Com o corre-corre que a gente enfrenta diariamente, é quase inviável ter de esperar, às vezes, uma hora. E como não tenho horário fixo para sair do trabalho, também não posso depender só dos ônibus. Se passa das 22h, não tenho como voltar. Fora isso, não haveria problemas em deixar o carro em casa de vez em quando.

De ônibus, gasto menos, não só por causa da gasolina, mas também por causa do desgaste e manutenção do carro. Afinal, são cerca de 1,5 mil quilômetros percorridos todo mês. O carro é mais por comodidade e agilidade mesmo, já que vou e volto pra casa na metade do tempo.



Jornal de Santa Catarina